segunda-feira, 27 de junho de 2011
Jogos, de novo
Suprema Corte norte-americana decide contra lei que proibia venda de jogos violentos
Divulgação
Bully: recomendado para jovens acima de 13 anos nos EUA, proibido no Brasil
Everquest: nocivo para a saúde segundo o Procon de Goiás
Senador Valdir Raupp é o autor do projeto de lei contra jogos "ofensivos"
Redação Arena Turbo
27.06.2011
27.06.2011
Em uma das decisões mais importantes da história dos videogames, a Suprema Corte norte-americana julgou, nesta segunda-feira (27), pela inconstitucionalidade da lei californiana que proibia a venda de jogos violentos para menores de 18 anos, o que tornava títulos como Halo, God of War ou Fallout em algo no mesmo patamar dos filmes pornográficos.
Leia e escute:
- Violência nos games: proibir ou educar?- Podcast: Games on the Rocks #02 – Violência: Quem é o responsável?
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O caso ficou conhecido como Brown vs. EMA (Entertainment Merchants Association, Associação dos Comerciantes de Entretenimento) e estava em debate desde 2005, quando a lei foi assinada pelo então governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger.
Com um total de sete votos a dois, a Suprema Corte foi, em sua maioria, contra a aplicação da lei pois, segundo os juízes, fere a constituição norte-americana, cuja primeira emenda garante ao cidadão a liberdade de escolha, não ao governo.
"Assim como os livros, peças de teatro e filmes são protegidos, os games comunicam ideias e até mesmo mensagens sociais através de muitos artifícios familiares (como personagens, diálogos, enredo e música) e por meio de traços específicos (como a interação do jogador com o mundo virtual). Isto é suficiente para lhes conferir proteção da Primeira Emenda. De acordo com nossa Constituição, a 'estética e os juízos morais sobre arte e literatura... são decisões que cabem ao indivíduo, não para o Governo decretar, mesmo com o mandato ou aprovação de uma maioria'", foi a opinião decretada pela corte ao fim do processo.
Como o Brasil lida com a violência nos games?
A violência nos jogos também já deu muito o que falar aqui no Brasil – não apenas pela inevitável polêmica gerada por alguns jogos mas também pela postura inquisitiva da justiça em relação ao problema, que vem resultando na censura deliberada de alguns títulos nos últimos anos.
A proibição de Bully, pelo juiz Flávio Rabello, da 16ª Vara Cível de Porto Alegre; e a de EverQuest e Counter-Strike, pelo juíz Carlos Alberto Simões de Tomáz da 17ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais, em 2008, nos levou a uma constatação: os jogos ainda não são levados a sério ou sequer compreendidos pelos nossos própios políticos e juízes.
Bully: recomendado para jovens acima de 13 anos nos EUA, proibido no Brasil
O projeto de lei 170/06 é outra pedra no sapato da industria e mercado de jogos no Brasil. Quando a roda finalmente parece girar a favor da produção de jogos nacionais, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) surge com um projeto que torna crime fabricar, importar ou distribuir jogos "ofensivos aos costumes e às tradições dos povos, aos seus cultos, credos, religiões e símbolos", ameaçando todo o progresso do mercado e da indústria no País nos últimos anos baseado em um conceito retrógrado e mal informado.
"Sobre o cristianismo, vê-se em alguns jogos alguém bater em anjos, enquanto se escuta um coral católico. É comum um superbandido bater asas pelo inferno antes da batalha final, ou até derrotar Jesus e seus doze apóstolos, embora tenham nomes engraçados. Nos últimos tempos, os videogames têm se popularizado junto à sociedade e, paralelamente, alguns crimes têm sido creditados à transposição da violência virtual para o mundo real. Eles têm sido considerados uma educação para o ódio de muitas culturas", diz o projeto de lei do senador.
Everquest: nocivo para a saúde segundo o Procon de Goiás
Apesar das afirmações, o documento não cita fontes e não menciona nomes de jogos. Todo o projeto é baseado nos resultados de um único estudo do Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Michigan, realizado em 2005, que segundo o documento, "afirma que os videogames mudam as funções cerebrais e insensibilizam os jovens diante da vida. Os jogadores frequentes sofrem danos a longo prazo em suas funções cerebrais e em seu comportamento".
Senador Valdir Raupp é o autor do projeto de lei contra jogos "ofensivos"
Fabio Santana, jornalista veterano do mercado editorial de games no Brasil, representou o setor no 1º Seminário Internacional da Classificação Indicativa.
Segundo ele, em sua experiência nos debates e simpósios do evento, oMinistério da Cultura e o Departamento de Justiça, Classificação Indicativa, Títulos e Qualificação (Dejus) demonstram interesse em esclarecer à população sobre a importância da classificação indicativa. Na prática, porém, dedicam muito mais tempo aos setores mais populares e que recebem mais reclamações, como o cinema e a TV. Não é de se surpreender, portanto, que a classificação indicativa seja tão clara e eficiente nestes meios.
quinta-feira, 23 de junho de 2011
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Primeiro-ministro grego formará novo gabinete até quinta-feira
Papandreou havia sugerido renunciar para permitir a criação de um Governo de união nacional com o partido de oposição
Foto: AFP
Manifestantes ocupam o centro de Atenas
O primeiro-ministro socialista grego, George Papandreou, anunciou nesta quarta-feira que remodelará na quinta-feira o Executivo e em seguida pedirá um voto de confiança ao Parlamento, após fracassarem as negociações com a oposição para formar um governo de união nacional.
Em mensagem divulgada pela emissora de televisão nacional grega, Papandreou declarou: "Amanhã, quinta-feira, formarei um novo governo e pedirei um voto de confiança no Parlamento".
Mais cedo, Papandreou dissera estar disposto a renunciar se esta atitude permitir a criação de um Governo de união nacional com o partido opositor Nova Democracia (ND), que exige sua saída do poder.
Nas várias conversas por telefone que Papandreou teve nesta quarta-feira com o líder do ND, Antonis Samaras, o próprio primeiro-ministro sugeriu a renúncia para ser substituído por "alguém de comum acordo", informaram à Agência Efe em Atenas fontes ligadas ao chefe do Executivo.
Essas declarações foram feitas depois de Samarás afirmar à imprensa grega que, em um Governo de coalizão, "Papandreou não poderia ser o primeiro-ministro".
Veja também:
Protestos
A notícia foi dada em meio às manifestaçõesque atingiram o centro de Atenas nesta quarta-feira contra as medidas de austeridade do governo. Além disso, os serviços públicos, incluindo as escolas, da Grécia estão paralisados por uma greve de 24 horas convocada pelos dois maiores sindicatos do país.
Os protestos são contra um pacote de austeridade de 28 bilhões de euros, de cinco anos, que o Parlamento da Grécia começou a debater hoje. O plano é destinado a solucionar os problemas nas finanças públicas do país - uma promessa do governo aos parceiros europeus e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que concederam ao país um resgate financeiro em maio do ano passado.
Jovens se afastam de partidos e buscam web para fazer política
Pesquisa mostra que enquanto 59% dos jovens não têm preferência partidária, 71% consideram a internet uma ferramenta política
Os jovens brasileiros enxergam cada vez menos os partidos como uma opção para o engajamento político. Ao mesmo tempo, cada vez mais vêem a internet como ferramenta para esse tipo de mobilização. A conclusão resulta de uma pesquisa que ouviu brasileiros com idades entre 18 e 24 anos, segundo a qual 59% dos entrevistados afirmaram não ter nenhuma preferência partidária.
O dado consta do relatório completo do estudo, realizado em parceria entre a agência Box1824 e o instituto Datafolha. A pesquisa detalhada deve ser divulgada na próxima semana, de acordo com a agencia, mas os primeiros dados, revelados pelo jornal Folha de S. Paulo no início desta semana, já apontavam que 71% dos entrevistados consideram a web um meio para fazer política.
“Os jovens estão trocando partidos políticos por outras formas de atuação política. Não apenas uma, mas várias formas ao mesmo tempo. E a internet aparece como a principal delas”, diz o pesquisador da Box e sociólogo Gabriel Milanez.
Foto: AE
Para pesquisador, eventos como o 'churrasco de gente diferenciada' são exemplos de mobilização política dos jovens por meio das redes sociais
O desinteresse dos jovens por partidos políticos aumenta na medida em que a renda dos entrevistados diminui. Entre os mais ricos e considerados de classe média, 57% dos entrevistados afirmaram não ter nenhum partido político. Já entre os mais pobres, esse número sobe para 66%. Na média, 59% não têm interesse por partidos.
Para Milanez, esse comportamento é uma tendência. “O jovem pensa num outro tipo de transformação social. A política institucional, de Brasília, partidária, não é como o jovem pensa. O jovem não entende mais que a solução virá lá de cima”, analisa o pesquisador.
“É um novo modelo, onde não há hierarquia. Agora, são micro-revoluções, são ações do dia a dia. E os jovens se conectam a grupos diferentes por meio das mídias sociais. Como exemplos de manifestações simbólicas que nasceram pela internet e foram para as ruas, podemos lembrar o churrasco da gente diferenciada, a marcha da maconha, o movimento catraca livre e o Ficha Limpa”, diz Milanez.
Otimismo
A pesquisa também concluiu que o jovem brasileiro está otimista com relação ao futuro. Dos entrevistados, 89% afirmam que têm mais orgulho do que vergonha de ser brasileiro. Apenas 9% acreditam que o Brasil está mudando para pior e 15% acreditam que o País não está mudando.
O otimismo é maior entre os jovens com maior grau de escolaridade. Entre os que têm ensino superior, 81% acreditam que o Brasil está mudando para melhor. Entre os que têm ensino fundamental, o número cai para 68%. Os homens também estão mais otimistas do que as mulheres. Do total de jovens mulheres participantes do estudo, 70% acreditam que o Brasil está mudando para melhor. Entre os homens, o número sobe para 80%.
A pesquisa foi realizada em 2010 em duas etapas. A primeira, qualitativa, teve 1.200 abordagens em universidades e organizações nas principais capitais do País. A segunda etapa, quantitativa, abrangeu 173 cidades em 23 Estados e ouviu 1.784 jovens de 18 a 24 anos. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais e para menos.
Bill Gates e a Educação dos Filhos Dele
Em uma entrevista publicada no site Daily Mail, a jornlista Carolyn Graham conseguiu o feito raro, senão inédito, de entrar na intimidade de Bill Gates, segundo homem mais rico do mundo e cofundador – ao lado de Paul Allen - de uma pequena empresa de software em 1975 que se tornou uma das mais importantes empresas do mundo, a Microsoft. A entrevista foi dada por ocasião do anúncio da doação de US$ 3,7 bi feita pela Bill and Melinga Gates Foundation para uma campanha de vacinação de crianças.
Gates hoje é conhecido por ser um filantropo, dedicado à caridade na Fundação criada por ele e sua esposa. Juntos já doaram a espetacular soma de US$ 28 bi em programas voltados para a educação e saúde, entre outras causas. Mas o Bill Gates pai de três crianças de 15, 12 e nove anos raramente abre sua casa e dá detalhes de seu cotidiano para a imprensa.
Entre as curiosidades apresentadas por Graham está o fato de que seus filhos costumam brincar com ele cantando a música Billionaire – canção de Travis McCoy e Bruno Mars que fez sucesso no ano passado e ironiza o estilo de vida dos extremamente ricos. “Eles me provocam”, diz Gates, “Eles cantam essa música pra mim, é bem engraçado”. As crianças também são, como aliás em toda família, as responsáveis por apresentar as novidades do mundo da música para ele: “eles me apresentaram a Lady Gaga, mas o Rory (12 anos) pede para pular as músicas que tem linguagem mais adulta por causa da menor (Phoebe). Então eu conheço só algumas músicas da Lady Gaga”.
E se você pensa que essas músicas são apresentadas ao pai em um iPod ou em um iPhone, está enganado: “Eles tem o equivalente da Microsoft. Eles tem um Zune, que é um excelente player. Eles não tem privações”.
De fato, ser filho de Bill Gates pode parecer uma garantia de um futuro livre de preocupações, mas Gates não quer deixar as coisas muito fáceis para as crianças. Na entrevista, ele diz que eles não herdarão toda a sua fortuna. Sem dar valores específicos ele fala em algo em torno de US$ 10 mi para cada um dos herdeiros, o que não é pouco, mas, ainda assim, é apenas uma pequena parte de sua fortuna. “Eles terão uma educação de primeira qualidade e nós pagaremos por isso. E claro que as questões de saúde serão tratadas. Mas eles vão ter que arrumar algo que gostem de fazer e conseguir um emprego. Eles são crianças normais”.
terça-feira, 14 de junho de 2011
LIÇÕES INADEQUADAS
José Augusto Carvalho
O nome cesariana, que designa a operação de parto, não tem absolutamente nada a ver com Júlio César. O nome próprio César, aliás, que deu origem ao nome genérico dos imperadores alemães e russos (kaiser e czar ou tzar, respectivamente) é de origem etrusca, e não latina. São informações de Ernout e Meillet, no seu Dictionnaire étymologique de la langue latine (Paris: Klincksieck, 1967, s.v.Caesar). O nome cesariana relaciona-se com o verbo caedo, -is, cecidi, caesum, caedere, que deu origem ao fr. ciseauxscissors (tesoura), à raiz –cida (de homicida, suicida, formicida, etc.) e a nomes como cisão, circuncisão, incisão, rescisão, precisão (corte prévio, isto é, eliminação do supérfluo), etc.(tesoura), ao ing.
O Dicionário etimológico da língua portuguesa, de Antenor Nascentes, confirma: antes de Júlio César, muita gente já havia nascido por meio de cesariana, inclusive Cipião, o Africano, que viveu antes de César, quando essa operação já se chamava assim.
É comum a crença fácil na etimologia popular, que não explica nada, mas alimenta a imaginação do leigo curioso. O nome forró, por exemplo, não tem nada a ver com o inglês for all, apesar do filme com esse nome e da tradição generalizada. Forró é apenas a abreviatura de forrobodó, que for allnão explica. Basta consultar o Aurélio para atestar o que digo. O Dicionário do folclore brasileiro, de Câmara Cascudo, esclarece isso, e elimina, indiretamente, essa bobagem inventada e divulgada por quem não tem conhecimento, mas tem muita imaginação.
Aliás, é extensa a lista de falsas etimologias: sincero não tem nada a ver com “sem cera” (o sin-, desincero, tem relação com o sim-simples; e o –cero tem relação com –cel-, de excelso ou com o –cer-de prócero); pontífice nada tem a ver com construtor de pontes (o pontifex latino sempre designou o sacerdote romano, sem relação com o verbo facere, fazer, e ainda menos com pons, ponte); religiãonada tem a ver com o verbo ligar, mas com ler. A raiz da palavra religião se relaciona com o –lig- dediligente ou inteligente ou com –leg-, lec-, -lei, le- de eleger, lecionar, eleitor e ler, respectivamente. O re- inicial de religião é prefixo oriundo de red(I), vir, voltar, que aparece em redivivo ou relíquia. Uma consulta ao Dictionnaire étymologique de la langue latine, de Ernout & Meillet atestará essas informações. de
Circulam na Internet versões “corrigidas” de expressões populares e até da trova popular – “Batatinha quando nasce/ se esparrama pelo chão. / Menininha quando dorme / põe a mão no coração.” O segundo verso foi corrigido: “batatinha quando nasce espalha a rama pelo chão” (o correto mesmo é “se esparrama pelo chão”). “Cuspido e escarrado” virou “esculpido e encarnado” (lição difundida por Duarte Nunes de Lião, no séc. XVI; o correto é realmente “cuspido e escarrado”; a expressão veio do francês, em que o verbo “cracher”, escarrar, também significa identidade, donde a palavra “crachat”, escarro, que deu origem ao português “crachá”, designando a plaquinha de identificação que as pessoas trazem no peito; em inglês, “spit”, cuspo, também é usado como identificação). “Cor de burro quando foge” virou “corre de burro quando foge” (forma que Castro Lopes sugeriu para corrigir a expressão adequada “cor de burro quando foge”, em que “burro” designa a cor vermelha que um fujão apresenta, e não o animal; de “burro”, cor, temos palavras como “borro”, designativa do Carneiro entre um e dois anos, e “borracho”, que designa o pombo sem penas, por sua coloração avermelhada, e possivelmente “borrega”, ovelha de um ano). “Quem tem boca vai a Roma” virou “quem tem boca vaia – verbo vaiar –Roma” (o correto é exatamente “quem tem boca vai – verbo ir – a Roma”, frase originada das peregrinações a Roma, donde palavras como “romaria” e “romeiro”, associadas à peregrinação). “Ter bicho carpinteiro” virou “ ter bicho no corpo inteiro” (o correto é “ter bicho-carpinteiro”, referência, segundo Leite de Vasconcelos, ao oxiúro que provoca pruridos anais e movimentos sacudidos). “Quem não tem cão caça com gato” virou “quem não tem cão caça como gato”, isto é, “sozinho” (o correto é mesmo “quem não tem cão caça com gato”). Essas versões que pretendem corrigir as expressões populares são anticientíficas, sem respaldo documental, sem explicação de como ocorreram as alterações fônicas, e devem ser desprezadas. As versões que circulam na Internet não devem ser levadas a sério.
Castro Lopes, em suas Origens de anexins, prolóquios, locuções populares, siglas, etc. (Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1909), explica-nos a contento muitas coisas interessantes, como, por exemplo, o fato de que IHS não representa a abreviatura de Iesus Hominum Salvator (Jesus Salvador dos homens), nem a sigla de “Jesuíta, homem sábio (ou santo)”, mas apenas a abreviatura em grego do nome de Jesus (iota, eta e sigma) (p. 63-6). Mas, em seus Neologismos indispensáveis (Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1909), propõe bobagens, como, por exemplo, para substituir o fr. avalanche, o termo runimol, acrônimo formado das iniciais das palavras ruere (ruir), nix (neve) e moles (massa), isto é, “massa de neve que rui” (p. 27-9).
Em matéria de etimologia, Castro Lopes também cometeu deslizes graves, como o de tentar derivarcarnaval de lupercália ou de canto arval. Mais recentemente, Silveira Bueno (Tratado de semântica brasileira. 4.ed. São Paulo: Saraiva,1965, p. 115) tentou derivar gringo de uma canção americana começada com a expressão “green grow”, que a cavalaria americana cantava no séc. XIX, na época da guerra contra o México, embora o termo gringo já constasse de um dicionário de Esteban de Terreros y Pando, publicado na Espanha, um século antes da canção americana e da guerra contra o México, segundo informação do Corominas (Diccionario critico etimologico de la lengua castellana. Madrid: Gredos, 1976,s.v.).
Em matéria de imaginação, Gilles Ménage (1613-1692) ganharia o óscar: em seu Dictionnaire étymologique, de 1694, formado a partir do desenvolvimento de sua obra de 1650, Origines de la langue française, ele “deriva” haricot (feijão) de faba; laquaisverna; e quille (bola) de squilla (sino), por exemplo. É verdade que Ménage tem virtudes, e muitas de suas etimologias são verdadeiras, mas a sua imaginação para estabelecer a pretensa cadeia evolutiva entre o étimo e a forma atual (esta tão distante fonologicamente daquele) leva o consulente bem intencionado a descrer da obra toda. Teria sido melhor, talvez, que ele tivesse ficado apenas com seus versos galantes e mundanos, mas, certamente, não teria hoje o seu nome lembrado. Ganhou com suas bobagens mais que os quinze minutos de fama que o artista “pop” Andy Warhol preconizou para os mortais comuns. O que equivale a dizer que a tolice disfarçada em sabedoria rende mais que a erudição e a cautela de um cientista. Sabe-se que foi Eróstrato que, em 356 antes de Cristo, incendiou e destruiu o Templo de Diana (ou de Artêmis) em Éfeso, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Mas até hoje não se sabe o nome do arquiteto que projetou esse templo. (lacaio), de
Em outras palavras, a mediocridade vale mais que tudo: angaria fãs e aplausos e torna o sucesso bem maior que os meros quinze minutos de glória que Warhol pretendeu que todo mundo poderia alcançar.
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Blogueiro: Mara, obrigado pelo post. Bj e Namastê
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