sexta-feira, 29 de abril de 2011

Série - Ser humano sofre por ser idiota


Da nova série, canções que nos fazem entrar em depressão.


Ah, meu! Pára! Tanta mulher sobrando por aí!

Série - Stand Up Comedy

Fui a esse espetáculo ontem. Muito bom.




Lembrei do curso de noivos em que o palestrante disse: Crie seus filhos como cães e não como gatos.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Série - Diferenças entre homens e mulheres

Diferença entre homens e mulheres 
  
APELIDOS
- Se Adriana, Silvana, Débora e Luciana vão almoçar juntas, elas chamarão umas às outras de Dri, Sil, Dé e Lu.
- Se Leandro, Carlos, Roberto e João saem juntos, eles afetuosamente se referirão uns aos outros como Gordo, Cabeção, Rato e Negão.

COMENDO FORA

- Quando a conta  chega, Paulo, Carlos, Roberto e João jogam na mesa R$ 20,00 cada um, mesmo sendo a conta apenas R$ 32,50. Nenhum deles terá trocado e nenhum vai ao menos admitir que quer troco - logo o troco será convertido em saideiras.
- Quando as garotas recebem sua conta, aparecem as calculadoras de bolso e todas procuram pelas moedinhas exatas dentro da bolsa.

FILMES

- A idéia que uma mulher faz de um bom filme é aquele em que uma só pessoa morre bem devagarzinho, de preferência por amor.
- Um homem considera um bom filme aquele em que muita gente morre bem depressa, se possível com balas de metralhadora ou em grandes explosões.

DINHEIRO

- Um homem pagará R$ 2,00 por um item que vale R$ 1,00, mas que ele precisa.
- Uma mulher pagará R$ 1,00 por um item que vale R$ 2,00, mas que ela não precisa.

BANHEIROS

- Um homem tem seis itens em seu banheiro: escova de dentes, pente, espuma de barbear, barbeador, sabonete e uma toalha de hotel.
- A quantidade média de itens em um banheiro feminino é de 756. E um homem não consegue identificar a maioria deles.

DISCUSSÕES

- Uma mulher tem a última palavra em qualquer discussão.
- Por definição, qualquer coisa que um homem disser depois disso, já é o começo de uma outra discussão.

MUDANÇAS

- Uma mulher casa-se com um homem esperando que ele mude, mas ele não muda.
- Um homem casa-se com uma mulher esperando que ela não mude, mas ela muda.

DIVIDINDO

- Uma mulher dividirá seus pensamentos e sentimentos mais profundos com um completo estranho que lhe dê atenção.
- Um homem só dividirá seus pensamentos e sentimentos mais profundos quando questionado por um advogado artimanhoso, sob juramento, e mesmo assim, apenas quando isso puder diminuir a sua pena.

AMIZADE

- A mulher encontra com outra na rua: 'Nossa como você tá linda!!!'. 
Quando viram as costas vêm o comentário : 'Nossa como ela tá gorda!'
- Um homem encontra com outro na rua: 'Fala seu gordo-careca- bichona!! !'. 
Quando viram as costas vem o comentário: 'pô esse cara é gente fina!' 


É MENTIRA????

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Série - Frases e Provérbios

"Semeie um pensamento, colha uma ação; semeie uma ação, colha um hábito; semeie um hábito, colha um caráter; semeie um caráter, colha um destino" (Provérbio chinês)  - Gentilmente cedido por Eliana Wieck


"Existem duas maneiras de fazer um burro andar com uma cenoura. A que funciona mais é colocando a cenoura na frente." - Professor Pierluigi Piazzi


"Se eu ouço, esqueço. Se eu vejo, entendo. Se eu escrevo, aprendo." Ditado Chinês


"Você não consegue sempre o que você quer, mas às vezes, você consegue o que precisa." House M.D.


"Se você não estudou hoje, em casa, até AGORA, você tá perdendo tempo. VAI ESTUDAR!" - Ricko Menezes


"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons” - Martin Luther King

"Preço Justo Já, PORRA!" - Felipe Neto


Tem certas coincidências que chamam a atenção a respeito desse rapaz.
Lecionei uma aula ontem a respeito disso, então, vou postar aqui o manifesto!
PREÇO JUSTO JÁ!


Gostei da resposta do cidadão acima!


Encontrei esse outro video, que, em sua maioria, concordei. Discordo do que diz respeito a homossexualismo, pois não é disso que se trata em um video. Sobre o aborto, além da prostituição, também tenho ressalvas.


Como um professor da licenciatura certa vez disse, em uma aula sobre o financiamento da educação, que foi mais ou menos assim: o Brasil é um "Robin Hood" às avessas, tira dos pobres, da classe média e dos trabalhadores e dá aos ricos (já que a carga de impostos sobre os primeiros é, relativamente, bem maior dos que os últimos)...
E completava ele: o "impostometro" deveria chamar-se "impostor - metro", pois os seus financiadores são, geralmente, os que menos pagam impostos!!!
E finalizando: aonde será que está o imposto sobre as grandes fortunas, previsto em Constituição desde 1988?
Até galera,
Thiago.



SAIBA A DIFERENÇA ENTRE POUPAR 100 REAIS E  DEVER 100 REAIS PELO MESMO TEMPO, NO ATUAL SISTEMA TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO NO BRASIL.

Se um correntista tivesse depositado R$ 100,00 (Cem Reais) na poupança em qualquer banco, no dia 1º de julho de 1994 (data de lançamento do Real), teria hoje na conta a FANTÁSTICA QUANTIA de R$ 374,00(Trezentos e Setenta e Quatro Reais).

Se esse mesmo correntista tivesse sacado R$ 100,00 (Cem Reais) no Cheque Especial, na mesma data, teria hoje uma pequena dívida de R$139.259,00 (Cento e Trinta e Nove Mil e Duzentos Cinqüenta e Nove Reais), no mesmo banco.

Ou seja: com R$ 100,00 do Cheque Especial, ele ficaria devendo 9 Carros Populares, e com o da poupança, conseguiria comprar apenas 3 pneus.
Não é à toa que o Bradesco teve quase R$ 2.000.000.000 (Dois Bilhões de Reais) de lucro liquido somente no 1º semestre, seguido de perto do Itaú e etc...

Dá para comprar um outro banco por semestre!

E os juros exorbitantes dos cartões de crédito?

VISA cobra 10,40 % ao mês
CREDICARD cobra 11,40 % ao Mês.
Em contrapartida a POUPANÇA oferece 0,62 % ao mês.
Campanha pela Reforma Tributária e Financeira no Brasil, já!

Se você passar para frente este e-mail, já estará contribuindo

terça-feira, 26 de abril de 2011

Série - Vai estudar em casa


Um dos melhores videos que eu encontrei a respeito de ensino.




Outro video interessantíssimo



Brasileiro é finalista em concurso de chinês

Em busca de uma bolsa de estudos, aluno da UFRJ vai disputar com jovens de 140 países

09 de maio de 2011 | 0h 00
Felipe Werneck - O Estado de S.Paulo
O carioca Tomaz Mefano, de 21 anos, foi o primeiro colocado na seleção preliminar da 10.ª edição do Chinese Bridge, concurso de proficiência na língua chinesa. Aluno do quinto período de Relações Internacionais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele disputou a vaga com outros nove brasileiros. Em julho, vai a Pequim, com despesas pagas pelo governo chinês, para participar da edição final do concurso, que terá 140 jovens de vários países.
Marcos de Paula/AE
Marcos de Paula/AE
Cultura diferente. Tomaz Mefano, de 21 anos, está se preparando para representar o Brasil na final do Chinese Bridge
O Chinese Bridge é realizado desde 2001 pelo Ministério da Cultura da China. No Brasil, o projeto é organizado pela embaixada do país e pelo Instituto Confúcio na Unesp.
Mefano conta que o interesse pelo país oriental começou aos 16 anos. Na ocasião, ele ganhou uma bolsa para cursar o segundo ano do ensino médio em Chang Zou, que fica a quatro horas de trem de Xangai. "Fiquei um tempo boiando. Aprendia na marra", diz ele, que morou na casa de uma família chinesa. "A partir daí, eu me interessei muito pela língua e pela cultura."
Depois que voltou para o Brasil, Mefano continuou estudando mandarim e foi monitor em aulas na Associação Cultural Chinesa, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Quando completou 18 anos, trocou o carro prometido pelo pai por uma nova viagem à China. Voltou com 19. "Aí, sim, conheci a Grande Muralha, os pontos turísticos."
O estudante da UFRJ pretende se especializar nas relações entre Brasil e China. Desde a última viagem, mantém "um casinho" com uma chinesa. Na seleção realizada em 30 de abril, o brasileiro leu poesias em chinês, fez uma apresentação com violão em que tocou uma música tradicional tibetana e respondeu a uma bateria de perguntas.
Participaram como jurados o conselheiro cultural da embaixada chinesa, Shu Jianping, a cônsul-geral-adjunta em São Paulo, Gu Yunfen, a diretora do Instituto Confúcio da Unesp, Su Yimei, e o diretor do Instituto Confúcio da UnB, Chen Jia Ying. "Vai ser um grande salto na minha formação. Não é uma experiência qualquer. Será mais uma oportunidade de entender a cultura chinesa, que é bem diferente da nossa", diz Mefano. "Não tenho muita expectativa de ganhar, mas queria ficar bem colocado, porque de vez em quando surge uma bolsa. Sou o único brasileiro, é bom representar o País."
Integrante do centro acadêmico da UFRJ, ele elogia os chineses e pensa em morar lá. "Não é para puxar o saco. Eles são muito receptivos", diz. "Vou para conhecer mais. Menos com sangue nos olhos e mais com o peito aberto para aprender. O importante é participar."
Participantes da competição devem ter menos de 30
O Chinese Bridge é um concurso que o Escritório Nacional da China para o Ensino da Língua Chinesa como Língua Estrangeira (Hanban) realiza há cerca de dez anos. O objetivo é testar a proficiência de jovens estrangeiros na língua chinesa. Também são concedidas bolsas em algumas universidades do país.
Para participar, o candidato deve ser universitário e ter até 30 anos. Nas provas, são cobradas competências linguísticas e de alfabetização em chinês, além do conhecimento das condições contemporâneas da China, da cultura do país e a habilidade de aprendizagem do candidato. No Brasil, uma das etapas do concurso ocorre no Instituto Confúcio, na Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Blogueiro: Quando eu falo que estudar recompensa, ninguém acredita em mim.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Série - Dicas de livros

Como muita gente sabe, eu leio muito.
Gosto de ler e leio porque gosto.
Me alfabetizei lendo turma da Mônica para minha mãe. (Ela lia para mim, me falava o que acontecia, e eu relia para ela).
Vou aqui indicar alguns livros que eu li há algum tempo. Depois postarei alguns que lerei mais para frente. (não dá tempo de ler todos ao mesmo tempo).
O peregrino do tempo - Eduardo Piochi
O cadáver ouve rádio - Marcos Rey
O fabricante de terremotos - Wilson Rocha
A marca de uma lágrima - Pedro Bandeira
Piadas Nerds - Ivan Baroni, Luiz Fernando Giolo
Anjos e Demônios - Dan Brown
Rebelião de Lúcifer - J.J. Benitez

Série - Dicas de TV

Assistam:
O mundo de Bobby (viagem em desenho), o mundo de Beakman (viagem em ciências) e O mundo da Lua (viagem na maionese).

Série - Notícias


Milhares protestam contra energia nuclear em Tóquio


Milhares marcharam em Tóquio, neste domingo, para exigir fim do uso de energia nuclear no Japão e pedir mudança para energias alternativas, depois da crise da usina atingida por terremoto e tsunami, em 11 de março.
Os manifestantes gritavam "Adeus energia nuclear", incluindo jovens e famílias inteiras, andando no Parque Yoyogi, no centro da capital. Os organizadores estimam que 5 mil pessoas participaram da marcha.
O diretor do Greenpeace japonês, Junichi Sato, um dos organizadores do protesto, disse que poucos protestaram contra energia nuclear após o desastre que deixou mais de 26 mil mortos ou desaparecidos no país. "Mobilização vai aumentar no Japão."
Cerca de duas mil pessoas participaram de outra demonstração contra uso de energia nuclear, gritando "antiTepco", em referência à operadora de usina Tokyo Electric Power, que foi feito simultaneamente no Parque Shiba. As informações são da Dow Jones, citando a AFP.

Documentos divulgados pelo WikiLeaks revelam abusos dos EUA na prisão de Guantánamo


WASHINGTON - Um conjunto de mais de 700 documentos secretos divulgados pelo WikiLeaks mostram que o governo dos Estados Unidos usou a prisão de Guantánamo, em Cuba, para obter informações dos detentos a qualquer custo, fossem inocentes ou não. O material refere-se a avaliações de 759 dos 779 presos que passaram pelo local feitas por militares entre fevereiro de 2002 e janeiro de 2009. O governo Obama classificou a publicação dos memorando como "infeliz".
Os documentos mostram que os prisioneiros são classificados de acordo com a qualidade das informações que podem prover e o risco que representam para a segurança americana, independentemente de serem inocentes ou culpados. Ao menos 150 dos presos eram afegãos e paquistaneses inocentes, incluindo motoristas, agricultores e cozinheiros, que foram detidos durante operações de inteligência em zonas de guerra. Muitos destes permaneceram detidos durante anos devido a confusões de identidade ou simplesmente por terem estado no lugar errado na hora errada
Ainda de acordo com os memorandos, os 172 presos que ainda permanecem em Guantánamo - criada após o 11 de setembro de 2001 pelo então presidente George W. Bush para abrigar presos da guerra no Afeganistão - são classificados como "alto risco" para os EUA e aliados. Cerca de um terço dos 604 detentos que já foram enviados para outros países também foram catalogados como de "alto risco" antes de serem libertados ou entregues a outros governos.
Os documentos também revelaram detalhes de supostos planos de ataques terroristas a alvos na Inglaterra e nos Estados Unidos. Em interrogatórios, os presos teriam mencionado a suposta existência de uma arma nuclear a ser detonada na Europa em caso de prisão do líder da rede extremista Al-Qaeda, Osama Bin Laden. Entre outros supostos planos, estaria o de impregnar o sistema de ar condicionado de edifícios públicos americanos com cianeto, um veneno mortal, e recrutar militantes no aeroporto londrino de Heathrow, o mais movimentado da Europa.
O governo americano criticou a decisão da mídia internacional divulgar "informações delicadas".
- É lamentável que diversas organizações de mídia tenham tomado a decisão de publicar numerosos documentos obtidos ilegalmente pelo WikiLeaks sobre a prisão de Guantánamo - disse o embaixador Daniel Fried, assessor especial do governo Obama para detentos.


EUA: Antes uma forma de arte, escrita cursiva agora é um mistério


Com ascensão teclados de computadores e smartphones, morte progressiva de letras elaboradas revela desafios como a falsificação

The New York Times | 02/05/2011 08:01

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Durante séculos, a escrita cursiva foi uma arte. Para um número crescente de jovens, ela é um mistério. As letras sinuosas do alfabeto cursivo, que enfeitaram inúmeras cartas de amor, importantes contratos e pôsteres acima da lousa em salas do ensino fundamental estão seguindo o caminho da pena e do tinteiro. Com os teclados dos computadores e smartphones cada vez mais ocupando os dedos dos jovens, a morte progressiva dos ABCs enfeitados está revelando alguns desafios imprevistos.
Será que as pessoas que escrevem somente em letra de forma – ou talvez com assinaturas desleixadas – correm um maior risco de falsificação? Será que o desenvolvimento de uma habilidade motora mais apurada será prejudicado pela aversão à escrita cursiva? E o que acontecerá quando os jovens que não estão familiarizados com letra cursiva tiverem que ler documentos históricos, como a Constituição dos Estados Unidos?
Jimmy Bryant, diretor do Arquivo e Coleções Especiais na Universidade Central do Arkansas, diz que a ligação com o material de arquivo se perde quando os alunos se afastam da letra cursiva. Durante uma aula no ano passado, Bryant, por capricho, pediu que os alunos levantassem a mão caso conseguissem escrever em letra cursiva como uma forma de se comunicar. Ninguém o fez.

Foto: The New York Times
Professora Lori Tietz utiliza projetor para analisar escrita cursiva de Megan Porter
Essa sala sem habilidades cursivas incluía Alex Heck, 22 anos, que disse mal se lembrar de como ler ou escrever em letra cursiva. Heck e um primo folhearam o diário de sua avó logo depois que ela morreu, mas mal conseguiram ler a sua escrita cursiva. "Para nós, era algo quase criptografado", disse Heck. Ela e o primo tentaram decifrar a escrita como se fosse um código secreto, lendo passagens inúmeras vezes. "Eu não estou acostumada com a leitura ou a escrita cursiva".
Estudantes de todo o país ainda são ensinados a escrever em letra cursiva, mas muitos distritos escolares estão gastando muito menos tempo ensinando a prática há alguns anos, disse Steve Graham, um professor de educação na Universidade de Vanderbilt. A maioria das escolas começa a ensinar cursiva na terceira série, disse Graham. No passado, a maioria iria continuar o estudo até a quinta ou sexta série – e alguns até a oitava série – mas muitos distritos agora ensinam cursiva apenas na terceira série, em poucas aulas.
"Nas escolas hoje em dia, dizemos que estamos preparando nossas crianças para o século 21", disse Jacqueline DeChiaro, diretora da Escola Elementar Van Schaick, em Cohoes, Nova York, que está debatendo se vai cortar o ensino da cursiva. "Será que a cursiva é realmente uma habilidade necessária no século 21?"
Com as escolas concentradas em preparar os alunos para testes padronizados, muitas vezes não há tempo suficiente para ensinar caligrafia, dizem os educadores. "Se você é uma escola ou um professor, certamente apenas os tópicos nos quais os alunos são testados serão prioritários em seu currículo", disse Graham.
Sandy Schefkind, uma terapeuta ocupacional pediátrica, em Bethesda, Maryland, e coordenadora pediátrica da Associação Americana da Terapia Ocupacional, disse que a aprendizagem da escrita cursiva ajuda os alunos a aprimorar suas habilidades motoras. "É a destreza, a fluidez, a quantidade certa de pressão a se colocar na caneta ou no lápis sobre o papel", disse Schefkind, acrescentando que, para alguns alunos a escrita cursiva é mais fácil de aprender do que a de forma.
Falsificação
Embora a letra de forma possa ser mais legível, quanto menos complexa for a escrita, mais fácil será de forjá-la, disse Heidi Harralson, uma grafóloga de Tucson, Arizona. Apesar da letra poder mudar – e se tornar imprecisa – conforme uma pessoa envelhece, as pessoas que não a aprendem ou praticam estão em desvantagem, disse Harralson. "Estou vendo um aumento na inconstância da caligrafia e na má forma – uma escrita desleixada, semi-legível e inconsistente", disse ela.
A maioria das pessoas tem uma assinatura cursiva, mas mesmo essas estão ficando mais difíceis de identificar, segundo Harralson.
"Mesmo as pessoas que não aprendem cursiva geralmente têm algum tipo de assinatura em forma cursiva, mas ela não é muito bem escrita", disse ela. "Ela tende a ser mais abstrato, ilegível e simplista. Então, se eles optam por usar letras de forma, fica mais fácil de falsificar”.
Sally Bennett, 18 anos, uma caloura da Universidade Central Arkansas, assina seu nome em letras maiúsculas de forma e nunca pensou muito a respeito disso até que teve que fazer o vestibular. Os alunos precisavam copiar um ditado, com instruções explícitas para que não usassem letra de forma. Assim, os vestibulandos tentaram usar a escrita cursiva, disse Bennett. "Algumas pessoas não conseguiam se lembrar de como escrever daquele jeito", disse ela. "Eu tive que pensar um pouco. Foi meio difícil para eu me lembrar”.
Um porta-voz da universidade disse não estar familiarizado sobre a exigência do uso da escrita cursiva. Um porta-voz dos exames SAT (equivalente americano ao Enem) – no qual apenas 15% dos estudantes escreveram a redação em letra cursiva, em 2007 – disse que os alunos também devem copiar um ditado em escrita cursiva. "Os alunos são instruídos a não usar letra de forma", disse a porta-voz Kathleen Steinberg.
Richard Christen, professor de educação da Universidade de Portland, em Oregon, disse que a cursiva pode ser facilmente substituída pela letra de forma ou programas que processam texto em computadores. Mas ele teme que os alunos perderão uma habilidade artística. "Esses jovens estão perdendo a oportunidade de criar beleza todos os dias", disse Christen. "Mas é difícil para mim oferecer um argumento prático sobre isso. Eu não lamento a situação pela praticidade, eu a lamento pela beleza, a estética".
*Por Katie Zezima

Especial
7 lições da Coréia para o Brasil
O que o país pode aprender como bem-sucedido modelo de educação
implantado na Coréia do Sul

Monica Weinberg, da Coréia do Sul
Fonte: Revista Veja, nº 7 (fevereiro de 2005)
1. Concentrar os recursos públicos no ensino fundamental – e não na universidade – enquanto a qualidade nesse nível for sofrível
2. Premiar os melhores alunos com bolsas e aulas extras para que desenvolvam seu talento
3. Racionalizar os recursos para dar melhores salários aos professores
4. Investir em pólos universitários voltados para a área tecnológica
5. Atrair o dinheiro das empresas para a universidade, produzindo pesquisa afinada com as demandas do mercado
6. Estudar mais. Os brasileiros dedicam cinco horas por dia aos estudos, menos da metade do tempo dos coreanos
7. Incentivar os pais a se tornarem assíduos participantes nos estudos dos filhos

A Coréia do Sul e o Brasil já foram países bastante parecidos. Em 1960, eram típicas nações do mundo subdesenvolvido, atoladas em índices socioeconômicos calamitosos e com taxas de analfabetismo que beiravam os 35%. Na época, a renda per capita coreana equivalia à do Sudão: patinava em torno de 900 dólares por ano. Nesse aspecto, o Brasil levava alguma vantagem – sua renda per capita era o dobro da coreana. A Coréia amargava ainda o trauma de uma guerra civil que deixou 1 milhão de mortos e a economia em ruínas. Hoje, passados quarenta anos, um abismo separa as duas nações. A Coréia exibe uma economia fervilhante, capaz de triplicar de tamanho a cada década. Sua renda per capita cresceu dezenove vezes desde os anos 60, e a sociedade atingiu um patamar de bem-estar invejável. Os coreanos praticamente erradicaram o analfabetismo e colocaram 82% dos jovens na universidade. Já o Brasil mantém 13% de sua população na escuridão do analfabetismo e tem apenas 18% dos estudantes na faculdade. Sua renda per capita é hoje menos da metade da coreana. Em suma, o Brasil ficou para trás e a Coréia largou em disparada. Por que isso aconteceu? Porque a Coréia apostou no investimento ininterrupto e maciço na educação – e nós não. Enquanto os asiáticos despejavam dinheiro nas escolas públicas de ensino fundamental e médio, sistemática e obstinadamente, o Brasil preferia canalizar seus minguados recursos para a universidade e inventar projetos mirabolantes que viravam fumaça a cada troca de governo. Ou seja, gastava munição atirando para todos os lados sem acertar alvo nenhum. Desnecessário dizer quem estava certo.
 Estudo Foto: Wnag Jun-Young/AFP
A Coréia do Sul é uma sociedade obcecada pelo estudo, como revela uma visita a uma de suas escolas. A que o menino Jae-Ho Lee cursa em Seul, por exemplo, exige dos alunos que cheguem meia hora antes das aulas para estudar a lição do dia anterior. Aos 14 anos, Lee obedece a uma disciplina de soldado. Sai de casa às 7 horas e volta às 16. Tem tempo apenas para fazer os deveres e correr para um novo turno de aulas vespertinas. Além de um curso de inglês, o menino freqüenta um instituto especializado em matemática, onde fica internado quatro horas e meia por dia praticando cálculo e do qual só sai perto da meia-noite. Não porque seja um aluno ruim. Pelo contrário: ele é o primeiro da turma da escola em matemática, onde está na 7ª série do ensino fundamental. Faz aulas extras para adiantar a matéria. No curso, Lee resolve questões do 1º ano do ensino médio. Competir nos estudos é, para ele, como praticar um esporte. Quando vai ao computador depois das provas, para conferir se continua no pódio, tem cãibra e dor de barriga. "Eu suo para manter minha liderança, é a minha vida que está em jogo", diz. A quatro anos da formatura escolar, ele perde o sono preocupado em conseguir entrar em uma universidade de prestígio e arranjar um bom emprego. Lee ajuda a compor a estatística segundo a qual 80% das crianças coreanas passam pelo menos dez horas diárias em frente ao quadro-negro. Ele é, ainda, o retrato de um país que tem na formação de cérebros o principal motor de sua economia.
É um equívoco imaginar que a experiência da Coréia possa ser integralmente transplantada para o Brasil. Como a maior parte das sociedades orientais, a coreana exibe um sentido de hierarquia que não encontra paralelo entre os brasileiros. Ela também é muito mais homogênea cultural e etnicamente, não só em razão de a Coréia ser uma nação pequena, como também pelo fato de o país não ter recebido milhões de imigrantes das mais diversas partes do mundo – o contrário do Brasil, que exibe um território vasto e é um cadinho de culturas e etnias. Hierarquia e homogeneidade (além de uma boa dose de competitividade neurótica, acrescentaria um crítico) estão na base do sucesso do modelo educacional coreano. Mas, mesmo ressaltadas as peculiaridades que permitiram a sua implantação, é possível extrair dele lições para o Brasil. Entre todas as políticas adotadas pela Coréia nos anos 60 para aumentar os índices educacionais do país, uma, de natureza simples, colheu efeito excepcional: o investimento público concentrou-se no ensino fundamental e ficou a cargo da iniciativa privada cuidar da proliferação do ensino superior. Para um país que amargava um PIB africano, era necessário fazer uma escolha – e canalizar recursos para as escolas resultou em um sistema público homogêneo e de bom nível. Os números dimensionam o fenômeno. Segundo um exame internacional feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), para avaliar o rendimento escolar em quarenta países, a Coréia revelou ter o sistema mais igualitário de todos, com pouquíssima diferença no resultado dos alunos. O detalhe positivo: a esmagadora maioria vai bem. No ranking, o país alcançou o terceiro lugar em matemática e o quarto em ciências, enquanto o Brasil ficou, respectivamente, com a última e a penúltima colocações nas duas matérias. Por trás das notas, há um aspecto fundamental. A Coréia não apenas investe mais em educação do que o Brasil (6,8%, contra 5,2% em relação ao PIB), como também continua a fazer uso mais eficiente do dinheiro. Os coreanos gastam duas vezes mais na formação de um universitário do que na de um aluno de ensino fundamental, o que é uma proporção equilibrada para padrões internacionais. No Brasil, um universitário custa dezessete vezes mais.
O resultado do investimento coreano nas escolas públicas é visível. Todas as salas de aula são equipadas com um telão de plasma onde os professores projetam suas aulas, os laboratórios de computação têm máquinas de última geração ligadas à internet e as bibliotecas, de tão completas, atraem famílias inteiras nos fins de semana. "Não posso me queixar de falta de dinheiro", diz Cho Soo-Bock, diretor da escola Shindong, orgulhoso do investimento recente em uma piscina de dimensões olímpicas e em um laboratório de informática que substituirá o atual, já bastante moderno. Além da infra-estrutura, o dinheiro despejado nas escolas produziu na Coréia salários bastante atrativos para os professores, que estão entre os mais bem pagos do mundo. De acordo com a OCDE, um professor experiente de ensino fundamental ganha na Coréia um salário mensal médio de 6.000 dólares, numa medição internacional que leva em conta o poder de compra no país. É seis vezes mais dinheiro do que embolsa um profissional brasileiro de mesmo nível. Trata-se de uma carreira que confere status. Uma pesquisa feita pela Universidade Nacional de Seul chegou a uma conclusão interessante sobre o assunto: para as mulheres da Coréia, o professor é visto como o "melhor partido para casar" porque tem emprego estável, férias longas (raridade no país), jeito para lidar com crianças – e ótimo salário. Além de dinheiro no bolso, ele dispõe de condições de trabalho exemplares, com dedicação exclusiva a uma só escola e direito a quatro horas diárias para preparar aulas e atender os estudantes. Leva-se o ensino tão a sério que até professor de jardim-de-infância precisa ter diploma de ensino superior (e a maioria conta com a pós-graduação).
 Foto: Jung Yeon-Je/AFP
Exames que têm como objetivo medir o nível dos estudantes, entre eles o brasileiro Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), comprovaram que há dois fatores fundamentais para explicar o bom resultado nas provas. Um deles é o preparo e a dedicação do professor encarregado das aulas. O outro é a participação da família na educação dos filhos. O Brasil é deficiente em ambos os casos. A participação vigilante dos pais coreanos na educação dos filhos produz em série histórias como a da família Park. Os pais se sentem realizados quando podem organizar uma feira de ciências na escola dos filhos e gastam 30% do orçamento mensal para proporcionar às crianças uma maratona de aulas extras. Mesmo sendo o ensino predominantemente público, a Coréia conta com um prolífero mercado de aulas extras, basicamente dadas em institutos particulares. Só no ano passado, ele movimentou 26 bilhões de dólares. A maioria dos estudantes não se matricula num desses institutos porque corre o risco de repetir o ano, e sim em nome da ambição de ser os melhores da turma.
A fixação coreana pela educação tem raízes profundas na cultura do país. O confucionismo, doutrina milenar de origem chinesa, já difundia valores como a dedicação ao trabalho e a exaltação ao estudo na Coréia de cinco séculos antes de Cristo. Em 1950, a guerra entre o norte e o sul do país produziu imagens comoventes como a de crianças tendo aulas sob lonas cercadas de destroços. A revolução que fez do modelo coreano referência mundial, no entanto, começou na década de 60, no rastro de grandes mudanças colocadas em prática pelo general Park Chung Hee. O general, que tomou o poder por meio de um golpe militar, pilotava com mão-de-ferro tanto as questões da economia como as da educação. A economia coreana sob seu comando foi movida por planos cíclicos de desenvolvimento com vistas a tornar a Coréia uma nação industrial e exportadora. O primeiro foco foi no ramo têxtil, depois na indústria pesada. Para movimentar as novas atividades econômicas, além de investir firme na educação básica, o governo atraiu para escolas técnicas hordas de coreanos pouco preparados, com a promessa de liberá-los do serviço militar obrigatório e lhes arranjar bons empregos. De outro lado, criou institutos de ensino superior voltados para ciência e tecnologia, que passaram a produzir pesquisa de ponta e patentes. "Investir em capital humano gerou produtividade e riqueza para a Coréia", diz o economista americano Jim Rohwer em seu livro Asia Rising (O Surgimento da Ásia).

Laboratório Foto: Jung Yeon-JE/AFP
Produzir tecnologia e colocar-se à frente do Japão, país que dominou a Coréia entre 1910 e 1945, é outra das obsessões nacionais – e os coreanos vêm canalizando recursos para formar tropas de engenheiros aptos a dar conta desse objetivo. Trinta por cento dos jovens que concluem a universidade saem graduados em engenharia. Ao assistir a uma aula típica do jardim-de-infância Ewha, em Seul, entende-se como se forja o encantamento que a tecnologia exerce sobre os coreanos: uma das atividades das crianças de 5 anos é tirar fotos com máquinas digitais e montar uma história manipulando as imagens no computador, tarefa que elas já realizam com destreza. Uma incursão nos laboratórios do Kaist, instituto de ensino superior especializado em tecnologia, também joga luz nas dimensões dessa mania high-tech. Embrulhado em roupas que lhe dão a aparência de um astronauta (o uniforme no laboratório de semicondutores), o estudante de mestrado Sunghyun Go, 23 anos, conta que, nos raros intervalos do trabalho, sua diversão e a dos colegas é resolver equações matemáticas. Freqüentemente, Go vara a madrugada dentro do laboratório porque nada o faz interromper uma experiência pela metade. Essa rotina explica as olheiras que marcam o rosto dos jovens cientistas de lá. A palavra de ordem na Kaist, conhecida na Coréia como MIT asiático, numa referência à renomada universidade americana, é produzir robôs humanizados e sistemas para casas futurísticas. "Tudo o que fazemos tem como objetivo virar produto no mercado", diz o físico Kyungho Ko, vice-presidente da faculdade.
A Coréia conseguiu promover um eficiente casamento entre o ambiente acadêmico e a indústria, força motriz para o tão almejado avanço tecnológico. O resultado é uma troca que beneficia as duas partes: os cofres das universidades coreanas são irrigados com dinheiro da iniciativa privada e as empresas fazem uso de pesquisadores e infra-estrutura para desenvolver seus produtos. Esse é um cenário do qual o Brasil está longe. Na Korea University, por exemplo – universidade particular de onde saíram 20% dos atuais CEOs coreanos –, a Samsung não só contribuiu para a construção de um moderno prédio para pesquisa como ajudou a elaborar o currículo de uma faculdade que forma engenheiros especializados na produção de telas de televisão. Sim, na Coréia há jovens se graduando nessa área da engenharia porque o mercado está ávido por especialistas no assunto. "É um bom exemplo do pragmatismo coreano", diz Doo-Hee Lee, diretor acadêmico na universidade. Há outros. Em 1986, a Posco, uma das maiores companhias de aço do mundo, investiu 7 bilhões de dólares em uma universidade voltada para tecnologia, a Postech. Foi a primeira a oferecer curso para formar engenheiros especializados em aço. Hoje 20% dos funcionários da Posco são recrutados no campus.
 Foto: Wang Jun-Young/AFP

A sociedade coreana é movida pela competição, incentivada à exaustão desde a infância. Até nos momentos de diversão os jovens ficam enfurnados nas salas de karaokê, empenhados em vencer uns aos outros na cantoria de hits americanos, como os de Simon & Garfunkel. Explica-se: a máquina dá uma nota a cada performance. Eles também travam demorados duelos nos jogos de computador, febre da juventude coreana. A competição é ainda mais estimulada, evidentemente, no ambiente escolar. Botar crianças de 10 anos em frente ao computador para saber qual delas é a mais rápida no manuseio do teclado é atividade comum na rotina coreana. As olimpíadas internacionais de matemática são outro acontecimento na Coréia. O evento mobiliza milhares de jovens ansiosos por conquistar a chance de representar o país na disputa. A maior de todas as competições, no entanto, é a do ingresso na universidade. Enquanto no ensino básico as escolas apresentam qualidade semelhante, a Coréia tem no nível superior um trio de faculdades de elite conhecido como SKY (as iniciais das universidades de Seul, Korea e Yonsei, que formam a palavra céu em inglês). Para estar "no céu", como dizem os coreanos, dá-se o sangue nos estudos. As notas obtidas no ensino médio contam na hora de entrar na universidade e são somadas à de uma espécie de prova vestibular. "Ver um filho ter uma boa nota nesse exame é a razão de ser dos pais coreanos", diz Chong Jae Lee, presidente do Kedi, instituto de pesquisas educacionais.
As boas universidades empreendem uma explícita política de caça aos melhores alunos. Elas investigam os boletins dos estudantes de ensino médio, rastreiam os que têm desempenho escolar acima do comum e fazem de tudo para atraí-los, em alguns casos antes mesmo de terem completado o ciclo escolar, dando-lhes garantia de gratuidade, mesada, aulas extras e isenção de vestibular. O objetivo é lapidar talentos individuais e transformar potencial em resultados concretos. Os jovens rivalizam, portanto, porque sabem que no futuro poderão ser recompensados por suas habilidades especiais e pelo esforço. Esse é o lado saudável da competição coreana. Mas há um efeito negativo. A pressão sobre os jovens é tanta que contribui para a Coréia figurar entre os países com a maior taxa de suicídio na adolescência. Outro dado que preocupa é o fato de 20% dos alunos de ensino médio já terem pedido ajuda a um terapeuta para lidar com o stress dos estudos. Aos 6 anos, Kang Jim Won chora compulsivamente no meio da sala de aula porque tirou nota vermelha em matemática. "Sou um fracasso", desespera-se a menina. Entende-se por que muitos jovens coreanos sonham um dia ir para os Estados Unidos, como fizeram os filhos da dentista Cho Dong, de 10 e 13 anos. "Enviei meus filhos para estudar em escola americana porque queria evitar que passassem pelo massacre coreano", resume Dong. Eles também fogem do excesso de disciplina. Até hoje, é comum encontrar crianças de castigo nas escolas da Coréia com os braços para o alto e o rosto virado contra a parede.
Uma saída eficiente para a escassez de dinheiro na época em que a Coréia era pobre foi colocá-lo no lugar certo – as salas de aula do ensino fundamental, onde estava a massa dos estudantes. Funcionou lá e poderia dar certo por aqui. A Coréia também entendeu cedo que o professor é a alma do processo de aprendizado. Por isso, o governo fez desse ofício um dos mais bem pagos e respeitados do país. Para os professores coreanos, ter mais de um emprego, coisa comum no Brasil, não só é proibido por lei como soa ilógico. "Não entendo como pode funcionar assim no Brasil", espanta-se a professora Yang Sue Icyung. Por fim, a Coréia conseguiu implantar um sistema movido pela idéia do mérito, no qual os bons estudantes são premiados desde a escola até a vida adulta. Foi com essa cartilha que o país conseguiu entrar no século XXI capaz de alcançar renda per capita equivalente à de países europeus e um altíssimo nível de desenvolvimento tecnológico. Na capital, Seul, os motoristas pilotam carros guiados por um sistema que informa as melhores ruas para evitar um engarrafamento, os trens do metrô têm telões de plasma e, nas residências, há geladeiras com monitores de computador pregados na porta que avisam quais alimentos estão em falta ou expiraram o prazo de validade. Até as igrejas da Coréia são high-tech. É um país, no entanto, ainda marcado pelas cicatrizes de uma crise econômica, a de 1997, que não só fez a renda despencar como revelou uma fragilidade institucional típica de nações em desenvolvimento. Ainda hoje os coreanos desconfiam da pujança econômica e poupam para ter provisões no caso de nova crise, fato incômodo para um país que sonha reviver os tempos em que a economia crescia embalada por taxas na casa dos dois dígitos. Em 2004, o PIB da Coréia cresceu 5% – taxa semelhante motivou um foguetório no Brasil –, o que é motivo de desalento. Apesar dos contratempos, os coreanos sabem que construíram uma nação que já deu certo graças à revolução pela educação. Basta olhar para os jardins da universidade Postech para ter um exemplo disso: a instituição reservou um terreno de 300 metros quadrados onde pretende espetar estátuas de bronze dos futuros prêmios Nobel produzidos nas suas salas de aula. "Estamos obcecados com essa idéia", diz o diretor Oh Dong-Ho. Ninguém duvida de que vão conseguir concretizá-la.


 Foto: Wang Jun-Young/AFP
 NOME: Jae-Ho Lee

IDADE: 14 anos

HORAS DIÁRIAS DE ESTUDO: 11

CURSOS EXTRAS QUE FREQÜENTA: inglês e matemática

MAIOR MEDO: perder a liderança no ranking de matemática na escola

COMO RELAXA: joga games no computador

MÚSICA PREDILETA: todas as da cantora coreana BoA ("Principalmente as de amor")

ÍDOLOS: os campeões nas olimpíadas de matemática

PRINCIPAL OBJETIVO: ir para uma universidade de prestígio e arranjar um bom emprego


Equações na mesa de jantar
Foto: Jung Yeon-Je/AFP
Numa típica família coreana, como a dos Park, um assunto é obrigatório à mesa de jantar: a vida escolar das crianças. O pai comenta as equações matemáticas que o caçula, Sul, de 13 anos, está aprendendo e pergunta ao mais velho, Sam, de 16, sobre a prova de inglês que ele fez naquele dia. A intimidade do casal de professores Yang Sue, 42 anos, e Young Woo Park, de 43, com a rotina estudantil dos filhos é tamanha que eles são capazes de discorrer em detalhes sobre as metas dos respectivos currículos escolares para este ano. Também freqüentam a página oficial da escola na internet para saber se os adolescentes têm dever de casa ou prova à vista. Eles participam de reuniões, organizam feiras de ciências e, volta e meia, pilotam as panelas do refeitório da escola de Sul e Sam. Os que lhes perguntam sobre a razão de tamanho empenho obtêm de Young Woo Park, o pai, aquilo que, na Coréia do Sul, é uma espécie de resposta-padrão. "Queremos dar a melhor educação para nossos filhos, porque só assim eles poderão competir pelos melhores empregos", diz. O fato de a Coréia do Sul ser um dos países em que os pais observam mais de perto a vida escolar dos filhos é apontado por especialistas como um dos trunfos que garantem ao país o seu alto padrão acadêmico. A participação dos pais é muito estimulada pelo governo, que também vê nisso um aspecto fundamental para o sucesso do modelo. Há outros, no entanto: a maioria dos estudantes coreanos não se contenta em estudar nos limites da carga horária prevista por suas escolas. Para eles, o término das aulas apenas sinaliza o começo de uma maratona de aulas complementares que, somadas ao período em que permanecem na escola, chegam a totalizar uma jornada de até doze horas de estudo. O tempo não é a única coisa que as famílias sul-coreanas dedicam à vida escolar de seus filhos: no país, a educação das crianças chega a consumir 30% do orçamento familiar, que é, em média, de 7 500 dólares por mês, no caso dos Park.


Templo high-tech
 Foto: Wang Jun-Young/AFP
A tecnologia na Coréia do Sul ganhou o terreno da fé. A mais recente novidade no país onde mais de 80% dos domicílios têm internet de banda larga são os templos high-tech. A igreja que mais chama atenção é a pentecostal Yoido Full Gospel, na capital, Seul, onde o culto é um espetáculo sem paralelo no mundo cristão. Enquanto o pastor David Yonggi Cho, fundador da igreja, dá um sermão sobre os sacrifícios de Jesus Cristo, cenas dramatizadas com as imagens da crucificação são projetadas numa tela de plasma com dimensões cinematográficas. Há também uma orquestra que faz a trilha sonora e uma cruz de 3 metros, encravada no altar, que reluz em neon azul. Nos intervalos das missas, são exibidos filmetes com imagens de fiéis sendo curados pela fé e um programa de notícias do mundo gospel, produzido no departamento de mídia da própria igreja. É quando os fiéis, como o coreano Ji-Won Kim, de 34 anos, aproveitam para consumir guloseimas nas máquinas automáticas. "Vir ao culto é como assistir a um show", resume Kim. O show a que se refere o coreano é gravado por 200 câmeras e transmitido por um canal de televisão e mais quatro endereços da internet. Tudo em tempo real.
Nessa igreja – a maior congregação cristã do mundo em número de seguidores, segundo oGuinness Book –, nada tem dimensões modestas. A começar pela construção, que lembra a de um estádio esportivo. Ali cabem 300 000 fiéis, três vezes mais gente do que no Templo Canção Nova, a maior igreja brasileira, em São Paulo, ou no Estádio do Maracanã. Eles ficam alojados em cinco pisos, e é possível acompanhar os cultos pelas cinqüenta telonas espalhadas pelo templo. À platéia são oferecidos também fones de ouvido e um menu em sete línguas estrangeiras. Os coreanos embarcaram felizes na tendência mundial à espetacularização da fé. Nos Estados Unidos, nas últimas três décadas, triplicou o número de fiéis que freqüentam os megatemplos. Na Coréia, país onde os cristãos representam quase a metade da população, o agigantamento das igrejas casa-se à perfeição com a mania pelos aparatos tecnológicos. "O templo multimídia ajuda a captar a atenção da platéia", diz o pastor Cho. A tecnologia contribui também para a saúde financeira da Igreja Yoido Full Gospel. Desde que o dízimo passou a ser coletado no cartão de crédito pela internet, sua receita cresceu 30%. Já está em estudo um projeto para tornar possível o pagamento via celular, como ocorre em lojas e restaurantes da Coréia.


Fanáticos por games
 Foto: Wang jun-Young/AFP
As maiores celebridades da Coréia do Sul não vêm da televisão nem tampouco dos campos de futebol. São jovens que fizeram fama e dinheiro ao se tornar campeões em jogos de computador – os games. Tal é a popularidade desses jogos que uma partida entre os melhores do ranking mundial leva aos estádios coreanos 100 000 pessoas, mais gente do que um clássico do futebol brasileiro. Também no Coex, um shopping de Seul, milhares de adolescentes se engalfinham nos fins de semana para conseguir um autógrafo de profissionais como Seok Palk Jeong, um garoto de 22 anos que usa um conjunto de macacão e óculos espaciais, laquê no cabelo e pó-de-arroz no rosto. Ele e os outros travam ali longas batalhas on-line, que são transmitidas em três diferentes canais na televisão coreana. Jeong é um dos melhores do mundo em StarCraft, o game da moda por lá, em que as tribos de alienígenas Protoss e Zerg duelam com os humanos Terran, num ambiente futurístico com foguetes e naves espaciais. Jeong fatura cerca de 1 milhão de dólares por ano, média dos campeões de games na Coréia. "Não sobra tempo para quase nada na vida, além de treinar em frente a um computador oito horas por dia", diz Jeong. O que ele estuda? Faz curso universitário de criação de games – pela internet, claro. Trata-se de uma especialidade no ensino superior coreano.
Tornar-se um habilidoso jogador de games é sonho declarado de metade dos jovens da Coréia, de acordo com uma pesquisa realizada no ano passado pelo governo do país. Depois dos estudos, os games viraram, na última década, a atividade que mais absorve o tempo desses jovens: em média duas horas noturnas, segundo mostra o levantamento. O lugar mais popular para a jogatina são as lan houses, uma invenção coreana – casas especializadas que ficam coalhadas de gente madrugada adentro. O frenesi em torno desses jogos fez surgir na Coréia uma geração de viciados em games: 10% dos jovens, segundo dados da Universidade Yonsei. Existem já mais de 1 000 clínicas cuja especialidade é tratar a obsessão dos garotos pelos jogos. O mercado mundial de games movimenta 2,2 bilhões de reais por ano, dos quais a Coréia é responsável por 30%. Antes de lançar um novo jogo no mercado mundial, as grandes companhias fazem testes no país. Se a novidade passar pelo crivo dos jovens coreanos, é um indicador de sucesso para o produto. Essa é a praia deles. Resume o publicitário Hun Cheol: "Se um jovem não joga game na Coréia, não é visto como um ser civilizado".



Na Trilha Coreana
Uma pesquisa mostra como dez escolas públicas conseguiram transformar-se em ilhas de excelência no desolador panorama educacional brasileiro
Fonte: Revista Veja, nº 7, fevereiro de 2005

Monica Weinberg e José Edward, de Belo Horizonte

 Fotos: Nélio Rodrigues/1º Plano





O melhor termômetro para aferir o grau de aprendizado de um estudante é, segundo os especialistas, sua capacidade de ler e interpretar um texto: quanto mais precária ela for, mais difícil será para ele absorver conhecimento em outras matérias. Segundo tal critério, o ensino brasileiro vai mal. Muito mal. De acordo com o Ministério da Educação, 91% dos estudantes brasileiros terminam o ensino fundamental abaixo do nível adequado, apresentando dificuldades para reter ou compreender textos básicos. Ou seja, as escolas brasileiras têm-se mostrado incapazes de cumprir sua função mais elementar, a de municiar alunos com a ferramenta da leitura. Para entender por que isso ocorre, VEJA pesquisou as dez escolas públicas cujos alunos apresentaram as melhores performances na prova de língua portuguesa aplicada pelo MEC para medir a qualidade de ensino nas escolas. Elas foram classificadas por ordem de excelência pelo professor Francisco Soares, da pós-graduação em educação da Universidade Federal de Minas Gerais. VEJA submeteu cada uma delas a um questionário com dezoito perguntas, elaborado por especialistas, com o objetivo de identificar suas características. Os resultados revelaram que as campeãs brasileiras têm em comum o fato de adotar, sistematicamente, o investimento na formação de professores, o estímulo à participação dos pais na vida escolar dos filhos e o incentivo à leitura por parte dos alunos. De certa forma, seguem a trilha coreana.
Das dez escolas classificadas no ranking do ensino, todas têm biblioteca – uma realidade em apenas 20% dos estabelecimentos de ensino básico no Brasil. Oito delas exigem de seus alunos a leitura de pelo menos cinco livros não didáticos por ano – as outras duas estabelecem um mínimo de quatro títulos obrigatórios no período (ainda assim, é o dobro da média nacional). No que diz respeito à formação do corpo docente, todas, sem exceção, têm 100% de seus professores munidos com diploma de ensino superior ou cursando uma universidade. Para completar, estimulam o que parece ser uma das chaves para o sucesso do aprendizado: a participação dos pais na vida escolar dos filhos – uma prática lamentavelmente incomum no Brasil. Um estudo feito no ano passado em quarenta países pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostrou que as famílias brasileiras, de todos os estratos sociais, estão entre as menos interessadas na educação de seus filhos. É o oposto do que ocorre em países como Coréia do Sul e Hong Kong, modelos nesse tipo de iniciativa – não por coincidência, são campeões de eficiência no ensino. "Uma boa gestão escolar desencadeia um ciclo positivo no qual os pais participam, os professores têm estímulo para ensinar e os estudantes recebem aulas mais atraentes. A lição é simples", resume o ex-ministro Paulo Renato Souza.

"Participação familiar", sublinham especialistas, não quer dizer comparecer à festa junina da escola. Significa envolver-se com a vida escolar dos filhos e acompanhar de perto tanto seus progressos como suas deficiências. Segundo números colhidos pelo MEC, os alunos que contam com o acompanhamento constante dos pais na escola chegam a obter notas 50% mais altas do que os demais. A Escola Municipal Governador Carlos Lacerda, em Belo Horizonte, instituiu um mecanismo simples para ajudar a fazer com que os pais se mantenham cientes do que se passa com seus filhos. Ocorrências banais, como o esquecimento de um determinado material escolar ou a dificuldade numa matéria, são informadas – diariamente e por escrito – à família. Aparentemente, nada relaciona a escola mineira com uma instituição-modelo. Localizada em um bairro de classe média baixa de Belo Horizonte, ela funciona em um prédio antigo, que há muito pede tinta nova. Suas salas de aula abrigam carteiras de madeira, velhas e puídas, e os professores ainda usam ultrapassados quadros-negros com esponja e giz. Essa aparente precariedade, no entanto, esconde uma gestão eficiente, que fez da Governador Carlos Lacerda a número 1 no ranking do ensino público.
Sua biblioteca exibe mais de 6.000 exemplares. Tornou-se referência na região e é permanentemente atualizada. Todos os anos, assim que as universidades mineiras divulgam a lista dos livros adotados em seu vestibular, a direção adquire vários exemplares de cada título, para colocá-los à disposição dos alunos. A formação do corpo docente é outro diferencial da escola. Dos oitenta professores, todos com formação superior, 51 têm pós-graduação e nove estão fazendo um curso desse tipo. Esse aspecto, afirmam especialistas, tem reflexos automáticos no aproveitamento dos alunos. "As notas dos estudantes caem até 20% quando seu professor nunca passou por uma faculdade", afirma a educadora Maria Helena Guimarães de Castro. Na Escola Municipal Dermeval Barbosa Moreira, em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, a atualização dos professores é um requisito obrigatório. Ao menos três vezes por ano, eles passam por cursos dados por especialistas em educação. Encravada numa região pobre e violenta da cidade, a escola é a nona colocada no ranking das melhores instituições.
O Brasil está entre os países que menos gastam com o ensino básico. Na América Latina, fica atrás do Uruguai e do México. Experiências como as identificadas no estudo do professor da UFMG, no entanto, demonstram que melhorar a qualidade do ensino básico é menos uma questão de investimento financeiro do que de opção social e política. Ao perseguir o equivocado projeto de "democratizar" o ensino superior, o governo federal mostra que já fez a sua. Na escala oficial de prioridades, o ensino básico que hoje se oferece a 55 milhões de brasileiros – e que será o diferencial para perpetuar ou romper o ciclo vicioso que faz com que os ricos entrem na universidade e os pobres permaneçam de fora – continua ocupando a lanterninha.



Superdotados, mas carentes de atenção
Enquanto países ricos se empenham na caça aos estudantes superdotados, o Brasil os ignora. São muito poucos os programas destinados a eles
Fonte: Revista Veja, nº 7, fevereiro de 2005

Monica Weinberg

 Foto: Cláudio Rossi

Criado pela mãe, uma diarista que nunca pisou na escola, o estudante Edson Mesquita é um ás da matemática. Desde os 4 anos de idade, impressionava a vizinhança por sua capacidade de fazer, de cabeça, cálculos que, com o passar do tempo, foram se tornando cada vez mais complexos. Hoje, aos 17 anos, ele disputa olimpíadas de matemática e tem como passatempos preferidos o jogo de xadrez e a leitura da história dos teoremas. Se tivesse nascido na China (ou na Coréia do Sul, ou nos Estados Unidos ou em Taiwan), Edson provavelmente já teria sido arregimentado para um dos muitos programas de incentivo governamental criados para alunos com desempenho excepcional. Nesses lugares, o investimento em cérebros é uma política de governo, fomentada não só porque traz vantagens imediatas a estudantes como Edson, mas também porque, a longo prazo, beneficia o país. "Jovens talentos, bem lapidados, tornam-se mão-de-obra capaz de produzir pesquisa e tecnologia, pré-requisito para o crescimento de uma economia moderna", afirma o queniano Calestous Juma, professor na Universidade Harvard. Autoridade na área de políticas públicas para desenvolvimento científico e tecnológico, ele acrescenta que a competitividade de uma nação é determinada, sobretudo, pelo número de bons cientistas que ela consegue produzir.
 Foto: Claudio Rossi




No Brasil, os governantes parecem pensar de modo  diferente. Embora o atendimento especial a estudantes com desempenho acima da média seja previsto em lei, o governo federal não tem programas específicos para isso. Pior: em alguns estados, a política é desestimular qualquer iniciativa nesse sentido. No fim do ano passado, o secretário de Educação de São Paulo, Gabriel Chalita, vetou um convênio do estado com o Instituto Social Maria Telles (Ismart), uma das mais respeitadas entidades criadas pela iniciativa privada para ajudar estudantes de baixa renda e excelente currículo acadêmico. O instituto dá apoio financeiro a 245 jovens carentes do Rio de Janeiro e de São Paulo. Mudou a vida de estudantes como Aline Silva Santos, de 15 anos, filha de um açougueiro e de uma dona-de-casa de Sorocaba, interior de São Paulo. A menina sempre esteve tão adiantada nas matérias que, aos 7 anos de idade, já "lecionava" no quintal de sua casa. Lá, improvisou uma escola para dar aulas de reforço a crianças da vizinhança. Em sua própria sala de aula, no entanto, sentia-se desestimulada. "Achava as aulas fracas", diz. O Ismart deu-lhe apoio pedagógico para que conseguisse passar no concurso de um colégio particular. Além de arcar com as mensalidades, bancará os custos com material e transporte e acompanhará os estudos de Aline até concluir a universidade.
Ao propor um convênio com o estado, o instituto pretendia sistematizar o garimpo de jovens talentos nas escolas públicas – o que já fazia informalmente. Com a recusa da secretaria em apoiar o projeto, a entidade não mais poderá ir em busca dos estudantes. Eles é que terão de procurá-la. O veto da secretaria ao convênio se deu com base no argumento de que estimular alguns jovens talentos representava uma política de educação "excludente". Nesse sentido, o governo tucano demonstra estar em plena sintonia com os petistas da administração federal. Vigora a idéia no Estado brasileiro de que colocar dinheiro em programas para capacitar indivíduos com habilidades acima da média significa priorizar uns poucos, deixando uma massa de necessitados fora do guarda-chuva estatal. Como se uma coisa implicasse automaticamente a outra. Trata-se não só de uma retórica antiga, mas de um erro estratégico.
Nos Estados Unidos, a prática de investir em jovens talentosos tornou-se uma política de governo no século passado. Quando, em 1957, os russos deram a largada à corrida espacial ao lançar na órbita terrestre o Sputnik, o primeiro satélite criado pelo homem, colocaram em xeque a supremacia científica americana. Como reação, os Estados Unidos empreenderam uma política feroz de caça aos seus melhores cérebros, que perdura até hoje: lá, os melhores estudantes do ensino médio são remanejados para classes mais adiantadas e, muitas vezes, conduzidos a uma universidade para cursar aulas nos fins de semana. Como os asiáticos, os americanos fizeram da busca aos cérebros uma obsessão nacional. Não têm motivos para se arrepender. Um estudo feito em oitenta países por economistas da Universidade de Chicago (EUA) concluiu que as políticas de formação de talentos empreendidas pelas nações mais ricas do planeta foram, em muitos casos, a chave para sua prosperidade econômica.
O número de brasileiros atendidos hoje por entidades como o Ismart ainda é pequeno: não chega a 10.000 estudantes. Edson Mesquita agora é um deles. Estudando por conta própria, ele já havia conseguido uma bolsa de estudos que lhe permitiu cursar o colegial em uma boa escola particular. No ano passado, descoberto pelo Ismart, ganhou da entidade um computador para ajudá-lo nos estudos e o acompanhamento intensivo de uma equipe de pedagogos, agora empenhada em prepará-lo para o vestibular. Com isso, está mais próximo de realizar seu sonho. Diz Edson: "Quero me formar pelo ITA e virar engenheiro".

Blogueiro: A maioria destas matérias foi copiada do site www.covest.com.br dia 03/05/2011 - 20:14

Sala de aula brasileira é mais indisciplinada que a média, diz estudo

Segundo pesquisa, estudantes brasileiros confiam menos em seus professores do que há dez anos


As salas de aula brasileiras são mais indisciplinadas do que a média de outros países avaliados em um estudo do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês). O estudo, feito com dados de 2009 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aponta que, no Brasil, 67% dos alunos entrevistados disseram que seus professores "nunca ou quase nunca" têm de esperar um longo período até que a classe se acalme para dar prosseguimento à aula. 
Entre os 66 países participantes da pesquisa, em média 72% dos alunos dizem que os professores "nunca ou quase nunca" têm de esperar que a classe se discipline. Os países asiáticos são os mais bem colocados no estudo: no Japão, no Cazaquistão, em Xangai (China) e em Hong Kong, entre 93% e 89% dos alunos disseram que as classes costumam ser disciplinadas. Finlândia, Grécia e Argentina são os países onde, segundo percepção dos alunos, os professores têm de esperar com mais frequência para que os alunos se acalmem. O estudo foi feito com alunos na faixa dos 15 anos. 

Menos distúrbios 
O estudo identificou que os distúrbios em sala de aula estão, em média, menores do que eram na pesquisa anterior, feita no ano 2000. "A disciplina nas escolas não deteriorou – na verdade, melhorou na maioria dos países", diz o texto da pesquisa. "Em média, a porcentagem de estudantes que relataram que seus professores não têm de esperar muito tempo até que eles se acalmem aumentou em seis pontos percentuais." Segundo o estudo, a bagunça em sala de aula tem efeito direto sobre o rendimento dos estudantes. "Salas de aula e escolas com mais problemas de disciplina levam a menos aprendizado, já que os professores têm de gastar mais tempo criando um ambiente ordeiro antes que os ensinamentos possam começar", afirma o relatório da OCDE. "Estudantes que relatam que suas aulas são constantemente interrompidas têm performance pior do que estudantes que relatam que suas aulas têm menos interrupções." 

A criação desse ambiente positivo em sala de aula tem a ver, segundo a OCDE, com uma "relação positiva entre alunos e professores". Se os alunos sentem que são "levados a sério" por seus mestres, eles tendem a aprender mais e a ter uma conduta melhor, conclui o relatório. No caso do Brasil, porém, a pesquisa mostra que os estudantes contam menos com seus professores do que há dez anos. "Relações positivas entre alunos e professores não são limitadas a que os professores escutem (seus pupilos). Na Alemanha, por exemplo, a proporção de estudantes que relatou que os professores lhe dariam ajuda extra caso necessário cresceu de 59% em 2000 a 71% em 2009", afirma o relatório. Já no Brasil essa proporção de estudantes caiu de 88% em 2000 para 78% em 2009.

Alunos da rede federal estão entre os melhores do mundo

Média obtida em avaliação internacional por eles supera a de países como Canadá e Reino Unido e encosta no Japão


Se a maioria dos estudantes brasileiros não consegue ler, fazer cálculos matemáticos e compreender a ciência como a maioria dos jovens de países desenvolvidos como Inglaterra, França, Estados Unidos, Canadá e Japão, há um grupo seleto de alunos do País que consegue até superá-los quando o assunto é o Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (Pisa).
As notas do último exame educacional, criado pelos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para verificar a qualidade de ensino nos países desenvolvidos e parceiros, mostram que os estudantes da rede federal de educação básica obtiveram desempenhos tão bons ou até superiores aos de muitos alunos que vivem em países muito desenvolvidos.
Relatório divulgado pela OCDE aponta que a nota em leitura desses estudantes da rede pública federal ficou em 535. A média dos países desenvolvidos na área é de 493 pontos. Em matemática, a situação se repete. Foram 521 pontos obtidos pelos alunos da rede federal contra 495 da OCDE. Em ciências, os brasileiros ficaram com 528 e os desenvolvidos, 500 pontos. A média geral da rede ficou em 528.
Essa média está à frente de países como França, Estados Unidos, Israel, Espanha, Reino Unido, Dinamarca, Alemanha, Austrália e Canadá. Só perde para a o Japão (529 pontos), Coréia (541), Cingapura e Finlândia (543), Hong Kong (546) e Shangai (577). Vale lembrar que a China preferiu não colocar todas as províncias e regiões do país para realizar as provas. Apenas algumas participaram do Pisa.
“É uma rede pequena, mas é a prova de que o setor público sabe oferecer uma boa educação. Para isso, tem de remunerar bem o professor, investir em laboratório e investir em educação integral. Todos são componentes do sucesso educacional”, ressaltou o ministro da Educação, Fernando Haddad. Os estudantes das escolas federais ficaram com resultados melhores do que a rede privada brasileira.
Notas por redes de ensino
Dependência administrativaMédiaLeituraMatemáticaCiências
Rede pública federal528535521528
Rede privada502516486505
Rede pública (estadual e municipal)387398372392
Fonte: Ministério da Educação/Pisa

Público e privado
Na rede particular, os resultados também foram bons. A média geral dos alunos dos colégios privados nas três áreas do conhecimento foi de 502 pontos, com destaque para leitura (516 pontos). A rede pública estadual e municipal, no entanto, apresenta diferenças gritantes de desempenho. A média geral desses estudantes foi de 387 pontos. A nota mais alta, em leitura, foi de 398.
Para Haddad, apesar das diferenças, o País está no caminho certo e deve aprender com as boas práticas nacionais e internacionais. “O sistema educacional brasileiro está reagindo aos estímulos. Crescemos 17 pontos no último triênio. Aparentemente, estamos no rumo certo”, pondera. “O ingrediente do sucesso é dar mais autonomia combinada com mais responsabilização”, defende.
O ministro acredita ainda que a realização das olimpíadas de conhecimento, especialmente a de matemática, pode ter influenciado positivamente na melhora das notas dos brasileiros na disciplina. Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pede “toda semana” que o ministério crie agora os jogos de incentivo ao estudo das ciências.

Estudantes de Brasília têm melhor desempenho do País

Média da cidade ficou 38 pontos acima da nacional em avaliação internacional. Santa Catarina aparece em segundo


As notas obtidas pelos estudantes brasileiros no Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (Pisa), exame educacional criado pelos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para verificar a qualidade de ensino nos países desenvolvidos e parceiros, revelam grandes diferenças regionais, a exemplo de outras provas nacionais que medem o desempenho dos alunos.
Estados das regiões Norte e Nordeste possuem notas inferiores aos das regiões Sudeste e Sul. O melhor desempenho nacional, no entanto, está no centro-oeste do Brasil. Os estudantes de Brasília alcançaram notas mais altas que os outros brasileiros em leitura, matemática e ciências. Na primeira, eles obtiveram 449,4 pontos. Na segunda, 424,8 e, na terceira, 442,6. A média final dos brasilienses ficou em 439 pontos.
Na sequência dos melhores desempenhos, aparecem Santa Catarina (com média 428), Rio Grande do Sul (424 pontos) e Minas Gerais (422). Assim como no caso do Distrito Federal, em todos eles, as maiores notas vêm da área de leitura. A pior média foi obtida por Alagoas, 354 pontos. O Maranhão não ficou longe, com 355 pontos. Acre, Amazonas e Rio Grande do Norte ficaram com 371 pontos.
Vale lembrar que, mesmo os estados com melhor desempenho do País, não conseguiram atingir o nível 3 de leitura – no qual os estudantes são capazes de interpretar leitura de complexidade moderada –, matemática – no qual eles são capazes de selecionar e aplicar estratégias simples de solução de problemas – e em ciências – no qual podem interpretar e usar conceitos científicos de diferentes disciplinas e aplicá-los.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, acredita que todos terão de melhorar os resultados. “Cada estado vai se debruçar sobre seus resultados e apresentar medidas para melhorar. Estamos aquém do nosso potencial enquanto país. A dinâmica têm de ser a de buscar excelência”, afirma.
As médias por Estado começaram a ser divulgadas em 2006. Porém, segundo o ministro, os dados anteriores não devem ser comparados com os atuais. Ele explica que, na última aplicação do Pisa, houve muitas falhas nas amostras, o que terminou por gerar erros na medida do desempenho de alguns estados. No ano passado, para garantir notas mais fiéis à realidade, a amostra de estudantes brasileiros que fazem a prova duplicou.
EstadosMédia geralLeituraMatemáticaCiências
Acre371383,2350379
Alagoas354362,6347,6352,7
Amazonas371386,6353,2373
Amapá378390,4365,3378,2
Bahia382391,5368,7384,3
Ceará376381,4361,2385
Distrito Federal439449,4424,8442,6
Espírito Santo414423,6397,3421,3
Goiás402412,3385409
Maranhão355363341,1362,3
Minas Gerais422430,6407,5428,6
Mato Grosso do Sul404413,8389,5408,7
Mato Grosso389398,5378,8390,6
Pará376383,4362,8381,8
Paraíba385390376,3388,5
Pernambuco381389368,8384,4
Piauí374377,7364,2380
Paraná417423,2405423,5
Rio de Janeiro408419,8392,9411,5
Rio Grande do Norte371383,5360,2369,4
Rondônia392398,7379,1397,7
Roraima376383,6358,8384,6
Rio Grande do Sul424433,1410428,5
Santa Catarina428438,1411,9434,8
Sergipe372379,3358,8378,5
São Paulo409424,4390,4411,6
Tocantins382390,7363,4392,2
BRASIL401412386405
Fonte: Ministério da Educação/PISA

Exemplo
Para o ministro, apesar de o Distrito Federal ter a maior nota, o grande exemplo a ser seguido é Minas Gerais. Ele explica que o Estado não está entre os que mais possui recursos disponíveis para investir nos alunos, mas ainda assim possui bons resultados nas avaliações. “Nós criamos o paradigma do fundo de manutenção da educação básica a partir de Minas, inclusive”, conta.
Haddad diz que Minas Gerais se assemelha muito com o Brasil em duas diferentes realidades regionais. “É um mini-Brasil, com todos os seus problemas. Ainda assim, possui alto desempenho educacional. O exemplo serve para mostrar que temos condições de chegar às nossas metas”, garante.
O ministro ressaltou que discorda das comparações entre os Estados das regiões Norte e Nordeste e os do Sudeste e Sul. “É injusto cobrar do Nordeste o mesmo resultado que o do Sul. Só muito recentemente as condições de recursos foram equalizadas. Precisamos corrigir as desigualdades regionais a ponto de que, não importa onde uma criança nasça, o investimento público em sua formação seja o mesmo”, defende Haddad.
No ano que vem, de acordo com o ministro, R$ 10 bilhões serão investidos no Fundo de Manutenção da Educação Básica (Fundeb) para garantir que os estudantes dos Estados mais pobres recebam a mesma quantia de investimentos em educação.

Elas leem melhor que eles em todos os países

Nos 65 países avaliados pelo Pisa, meninas foram melhor em leitura. Em matemática e ciências não há unanimidade

Nos 65 países onde 460 mil adolescentes de 15 anos realizaram o Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (Pisa), as meninas se saíram melhor que os meninos em leitura. Já em matemática, eles vão melhor em 44 nações e elas, em 11. Na prova ciências a diferença entre gêneros é muito pequena, segundo a Organização para Cooperação dos Países Desenvolvidos (OCDE), responsável pela avaliação divulgada nesta terça-feira.
Em média, a nota feminina foi de 39 pontos a mais do que a masculina em leitura, o que equivale a um ano a mais de estudo segundo a organização. Também há uma diferença entre os percentuais que estão nas duas notas extremas. Entre as meninas, só 3,1% estão com pontuação até o nível 1 (o menor), que é considerado abaixo do básico e 10% ultrapassam o nível 5 (o mais alto). Já entre os meninos, 8,4% fizeram até 1 e só 5,3% mais que 5 (veja o que significa cada nível no gráfico com ranking).
No Brasil a diferença foi de 28 pontos, o que significa que, sem elas, a média não atingiria o nível 2 em leitura.
Eles calculam (um pouco) melhor 
Em matemática, a média dos estudantes masculinos é 12 pontos mais alta do que a média das adolescentes. Entre os 44 países em que eles vão melhor que elas com os números, está o Brasil, onde os meninos fizeram 16 pontos a mais que as meninas. Em outros 11 países elas conseguiram superá-los.
Em ciências, a OCDE considera que não há diferença entre sexos. A média fica dentro da “margem de erro em 48 países” incluindo o Brasil, onde os jovens fizeram 3 pontos a mais que as jovens. Em 14 países os meninos fizeram 10 pontos a mais e em 4, as meninas é que obtiveram esse resultado.

Cai diferença entre alunos brasileiros e de países desenvolvidos

Resultados do Pisa mostram que, em nove anos, média do País em leitura, matemática e ciências subiu 33 pontos


Os alunos brasileiros ainda estão longe de obter o desempenho ideal no Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (Pisa), avaliação educacional criada pelos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas as notas alcançadas por eles em leitura, matemática e ciências estão entre as que mais aumentaram nos últimos nove anos. A análise feita a partir dos dados divulgados pela OCDE mostra que a média nas três áreas cresceu 33 pontos desde 2000.
Enquanto isso, a média dos países desenvolvidos ficou a mesma ao longo dos anos: 496 pontos. “Vários países cresceram, como a Alemanha. Mas, na média, os países da OCDE estagnaram. O mundo desenvolvido está com dificuldade de melhorar a própria média. A ideia de que ficaríamos sempre atrás dos países desenvolvidos não está se confirmando”, analisa o ministro da Educação, Fernando Haddad.
Quando o Brasil participou pela primeira vez da avaliação, as notas obtidas em leitura, matemática e ciências foram, respectivamente, 396, 334 e 375 pontos. A média ficou em 368 pontos. O País estava em último lugar entre os avaliados. No ano passado, os estudantes brasileiros superaram as metas previstas pelo Ministério da Educação para a avaliação. O MEC esperava que a média nacional no Pisa chegasse a 395 pontos em 2009. Os brasileiros alcançaram 401 pontos. Em leitura, pularam para 412. Em matemática, para 386 e, em ciências, 405. 

Brasil x outros países na média do Pisa

Em 9 anos, desempenho de alunos brasileiros evolui. Resultado nos países da Organização de Cooperação dos Países Desenvolvidos (OCDE) permanece o mesmo
OCDE
“O Brasil é o terceiro país que mais cresceu nas médias na última década. Ficou atrás apenas de Luxemburgo (que aumentou 38 pontos) e Chile (37 pontos). São países com realidades muito diferentes da do Brasil”, avaliou o ministro. Dos 33 pontos a mais que o País obteve nas avaliações dos últimos nove anos, 17 foram atingidos no último triênio. Para o ministro, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) contribuiu para isso.
Em 2007, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva aprovou um conjunto de ações para as diferentes áreas educacionais. O PDE define metas de qualidade, prevê ações para alcançá-las e aumento de recursos. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é a avaliação nacional criada para traçar as metas. Cada escola, estado e o País precisam atingir notas específicas ao longo dos anos com o objetivo de alcançar o mesmo nível de ensino dos países desenvolvidos (da OCDE) em 2021.
Na opinião de Haddad, a divulgação dos resultados por escola do Ideb impactou positivamente os resultados. “A aprendizagem do aluno voltou a estar no centro do trabalho das escolas. Eles têm de apresentar proficiência. A educação transcende os resultados em testes padronizados, claro, tem a ver com a cidadania, a ética”, afirma. Segundo o ministro, organizadores do Pisa procuraram o MEC para entender as mudanças promovidas nos últimos anos. “O resultado chamou a atenção deles e as entrevistas feitas conosco serão publicadas em abril”, diz.

Evolução brasileira no Pisa


OCDE e MEC
Longe do ideal
O ministro reconhece, no entanto, que a proficiência dos estudantes ainda não é boa. Para atingir as metas estabelecidas para o próximo triênio (chegar a 417 pontos) e 2021 (473 pontos), será preciso investir em educação infantil e na valorização do magistério. Com a oferta obrigatória da pré-escola, Haddad acredita que o desempenho escolar das crianças será melhor. “A valorização do magistério é primordial para atingirmos as próximas metas. Se quisermos atrair jovens talentos para a carreira, ela precisa ser fortalecida. Nenhum país de alto desempenho paga menos aos professores do que a média de salários de outros profissionais com diploma de ensino superior. No Brasil, o valor é 40% menor”, ressalta.
Os investimentos precisarão crescer. Haddad diz que o Ministério da Educação estabeleceu a meta de 7% do PIB ser destinado ao financiamento da educação no Plano Nacional de Educação, que será enviado ao Congresso Nacional. Durante a Conferência Nacional de Educação (Conae), em abril, quando entidades, professores e educadores discutiram as metas para o plano, o objetivo era que esse valor chegasse a 10% nos próximos dez anos. Para o ministro, os 7% são factíveis.
Pisa X Ideb
Haddad lembrou que as metas de qualidade definidas para o Ideb foram traçadas baseadas no desempenho dos estudantes dos países desenvolvidos, que fazem parte da OCDE. De acordo com o ministro, o crescimento das notas dos alunos brasileiros no Pisa confirma a realidade mostrada pelo Ideb. “Serve como controle externo da avaliação brasileira e reflete de alguma maneira o que está acontecendo no País mesmo que não sejam avaliações iguais”, ressalta.

Blogueiro: A partir daqui, as notícias são de maio de 2011 do site ig.



Escola é determinante para o fim da homofobia, diz pesquisador

Segundo Gustavo Venturi, quem mais estudou discrimina menos. Especialistas lamentam suspensão do kit contra homofobia nas escolas

Sozinha, a escola não será capaz de combater o preconceito contra gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis. Mas o ambiente escolar é o local mais promissor para por fim à homofobia. Essa é conclusão de um estudo realizado pela Fundação Perseu Abramo, em parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo Stiftung (RLS), em 150 municípios brasileiros em todas as regiões do País. Por isso, Gustavo Venturi, coordenador do estudo, defende que o debate sobre esse tipo de discriminação faça parte das aulas, inclusive na infância.
De acordo com os dados da pesquisa, que será transformada em livro este mês, enquanto metade dos brasileiros que nunca frequentou a escola assume comportamentos homofóbicos, apenas um em cada dez brasileiros que cursaram o ensino superior apresentam o mesmo comportamento (veja gráfico). O estudo realizado entre 2008 e 2009 com 2.014 pessoas também avaliou as diferenças de preconceito entre as regiões, idade da população, renda, religião. Nenhuma das variáveis apresentou diferença tão drástica de comportamento, segundo Venturi.

Mais estudo, menos preconceito

Segundo a pesquisa da Fundação Perseu Abramo, a variável que mais determina o nível de preconceito das pessoas é a escolaridade. Há uma grande diferença de preconceito entre quem nunca foi à escola e quem concluiu o ensino superior (em %).
Pesquisa Diversidade sexual e homofobia no Brasil, da Fundação Perseu Abramo

“Isso mostra como a escola faz diferença no combate à homofobia. Só a escolaridade maior não resolve o preconceito, mas influencia fortemente a formação dessas pessoas”, afirma. Para o pesquisador, além de ser um espaço para convivência com as diferenças, a escola pode promover o debate de forma educadora e transformar a percepção de preconceitos arraigados à população. O estudo revelou que o brasileiro ainda não é tolerante com as preferências sexuais de familiares, de colegas de trabalho ou de vizinhos: um quarto dos entrevistados admitiu ter preconceito e agir de forma homofóbica.
Para o pesquisador, que queria entender a cara da homofobia no País quando começou o estudo, as diferenças de preconceito de acordo com a idade e o sexo também são importantes. As mulheres são mais tolerantes que os homens em todas as idades. Mas o índice de homofobia entre os meninos adolescentes chamou a atenção de Venturi. Entre os rapazes com idade entre 16 e 17 anos, 47% dos entrevistados admitiram preconceito contra gays, lésbicas, travestis. “Esse é mais um sinal da importância da escola. Esse é um momento que o jovem é muito pressionado a fazer definições de identidade”, diz.

Homofobia entre os homens

A pesquisa da Fundação Perseu Abramo constatou que os homens têm mais preconceito contra homossexuais do que as mulheres. Os adolescentes lideram a homofobia (autodeclarada) junto com os idosos (em %)
Pesquisa Diversidade sexual e homofobia no Brasil, da Fundação Perseu Abramo

Homofobia entre as mulheres

O preconceito contra homossexuais entre a população feminina é maior entre as idosas, segundo a pesquisa da Fundação Perseu Abramo (em %)
Pesquisa Diversidade sexual e homofobia no Brasil, da Fundação Perseu Abramo
O estudo mostra que o comportamento homofóbico variou pouco entre as regiões (o maior ficou na região Nordeste, 28% da população, e o menor na Sudeste, 22%), de acordo com a renda (de 31% entre quem ganha até um salário mínimo e 20% entre quem ganha de cinco a dez salários mínimos, entre os mais ricos sobe para 23%) ou com o ambiente onde cresceu (índice de homofobia de 22% entre quem só viveu na cidade e de 38% entre quem cresceu no campo). Entre as religiões, 10% dos kardecistas declararam preconceito (o mais baixo) contra 31% dos evangélicos entrevistados (o mais alto).
Traumas
Gustavo lembra que a pesquisa também entrevistou 413 homossexuais ou bissexuais (com mais de 18 anos e também em todas as regiões brasileiras), e a escola foi apontada por eles como um dos locais onde mais sofreram discriminação. Um terço dos entrevistados já foi discriminado por familiares e 27% sofreram preconceito de colegas da escola. E, para 13% deles, a primeira discriminação ocorrida por causa de orientação sexual ocorreu na escola.
“Mudar a legislação é importante porque você diminui os espaços nos quais você pode declarar seus preconceitos. E, para serem reproduzidos, eles precisam ser ditos. A falta de legislação contra a homofobia gera tolerâncias com esse tipo de comportamento. Mas discutir o tema é muito importante também”, afirma Venturi.
Como o iG havia mostrado em dezembro do ano passado, o Ministério da Educação planejava adotar um kit contra a homofobia nas escolas públicas de ensino médio. O material, chamado de Escola sem Homofobia, foi produzido por organizações não-governamentais contratadas pelo MEC durante dois anos. O plano era distribuir o kit – composto manual, vídeos e outros materiais de apoio ao professor – a seis mil escolas ainda este ano.
Apresentados em algumas audiências no Congresso Nacional, os vídeos levantaram polêmica, especialmente entre os parlamentares de bancadas religiosas que, na tarde de quarta-feira, se reuniram com a presidenta Dilma Rousseff e conseguiram a suspensão da produção e distribuição do material pelo Ministério da Educação. Nesta quinta-feira, o ministro Fernando Haddad deve se reunir com a presidenta para ser comunicado oficialmente da decisão. No Ceará, onde cumpriu agenda nesta quarta-feira, Haddad disse que o assunto está encerrado, o governo chegou a um acordo e ele não vai mais falar sobre o tema.
De acordo com o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, a presidenta não teria gostado do tom das produções. O deputado carioca Antony Garotinho (PR-RJ) admitiu que, para convencer o governo a suspender a produção do material, a bancada evangélica da Câmara ameaçou não colaborar com os projetos do Executivo.
Repercussões
Além de o tema ter movimentado as redes sociais, com opiniões contrárias e a favor da decisão, a suspensão foi criticada por especialistas no assunto. Para eles, o veto de Dilma ao material representa um retrocesso para as discussões de igualdade de direitos humanos. Para Débora Diniz, professora da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora da Anis: Instituto de Bioética Direitos Humanos e Gênero, não há forma mais eficaz de promover a igualdade de direitos do que introduzir na escola a sensibilização para o tema de forma pedagógica.
“Há uma pressão indevida e desnecessária de grupos religiosos para isso. Não havia nada que ameaçasse a religião ou a integridade de crenças no material”, garante. Débora lembra ainda que as crianças e os adolescentes são mais abertos à discussão sobre promoção de cidadania e discriminação e, por isso, a escola tem de assumir o papel de conversar sobre o tema. Angela Soligo, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), teme mais atrasos na discussão sobre preconceito dentro da escola.
“É responsabilidade da área educacional discutir esse tema. Há muitas coisas que podem melhorar no material, mas ele não é de má qualidade. O Manual das Coisas Importantes, que faz parte do kit, por exemplo, é muito bonito e bem feito”, afirma. Angela espera que a presidenta volte atrás em sua decisão. “O material é necessário para os professores qualificarem a discussão e terem apoio, mas a falta dele não pode justificar a omissão de trabalhar o tema na escola”, ressalta.
Maria Helena Franco, coordenadora de criação dos vídeos que fazem parte do kit Educação sem Homofobia, produzidos pela Ecos – Comunicação em Sexualidade, lamenta a decisão da presidenta. Ela afirma que há muitas pessoas criticando o material sem conhecer seu conteúdo. “O foco desse material é levar para as escolas de ensino médio e para educadores e educadoras uma ajuda para erradicar a homofobia. É um apoio que faz falta para eles”, diz.
Veja os vídeos "Probabilidade" e "Torpedo" disponíveis no Youtube: