domingo, 17 de abril de 2011

Educação Moral e Cívica no currículo escolar

     O ser humano é racional, portanto, é capaz de pensar e refletir sobre os seus atos e suas conseqüências. Mesmo assim, inúmeras reportagens noticiam de maneira estrondosa os crimes contra a natureza (o tráfico de animais silvestres, o desmatamento da mata nativa e a poluição das águas); crimes contra a infância (trabalho escravo infantil e abusos sexuais); violência nas ruas e nos estádios de futebol e a precariedade do sistema público de saúde. Estes são apenas alguns exemplos! Infelizmente, tais assuntos se tornaram freqüentes em nosso dia-a-dia. Devemos ter em mente que fazemos parte de uma sociedade, portanto, nossas ações devem favorecer o bem-estar de todos. Não estamos tratando de um comportamento altruísta, mas sim, de respeito para com o próximo.

     Então, por que sofremos com tantas atrocidades? Por que as sociedades estão cada vez mais presenciando cenas que não deveriam fazer parte do cotidiano? Seria uma questão de inversão de valores? Para todas as perguntas acima, consigo pensar em uma única resposta: falta de valores morais.

     Anos atrás, tínhamos no currículo escolar a disciplina de “Educação Moral e Cívica”. A aula trabalhava questões relativas à sociedade. Naquela época, a Lei 869 de 12 de setembro de 1969, estabeleceu, em caráter obrigatório, como disciplina e, também, como prática educativa, a “Educação Moral e Cívica” em todos os sistemas de ensino no Brasil. A disciplina tinha muitas finalidades, dentre elas o fortalecimento da unidade nacional e do sentimento de solidariedade humana, o aprimoramento do caráter, com apoio na moral, na dedicação à família e à comunidade e o preparo do cidadão para o exercício das atividades cívicas com fundamento na moral, no patriotismo e na ação construtiva, visando o bem comum. Mas, os anos passaram e a disciplina foi extinta de maneira equivocada do currículo escolar.

     A disciplina retratada acima não queria nem adestrar nem catequizar as pessoas, mas sim, estimular a reflexão do pensamento voltado aos valores éticos e morais. É evidente que a escola não é a única responsável. Ela é parte de um todo que contribui para a formação e informação das pessoas. Neste processo, a família exerce papel fundamental, uma vez que ela é o primeiro grupo social de qualquer indivíduo. Com isso, na família construímos nossos valores morais e éticos. Com o tempo, tais valores são lapidados de acordo com o fluxo das influências, que podem ser positivas ou negativas.

     Para os atuais Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (1998), moral é sinônimo de saber viver relações justas e cooperativas. Nos PCNs, a Ética é tratada como um tema transversal que deve ser pensado pelos professores, sendo que a formação dos docentes e dos alunos acontece também na prática do convívio social em todos os setores da sociedade.

     A Ética abordada pelos PCNs não deve ser tratada como disciplina isolada, uma vez que ela busca contribuir para formar cidadãos mais responsáveis. Uma solução para trabalharmos cidadania e civismo nas escolas seria agregar a cada uma das disciplinas da grade curricular pontos de convergência com a formação moral e cívica dos alunos. Questionando e instigando o pensamento crítico dos alunos, nós, professores, cumprimos nosso dever de cidadãos.

Cassiane Leonor Sartori Pereira,
Professora de Língua Inglesa e Mestre em Lingüística Aplicada.
Endereço eletrônico: cassi.sartori@terra.com.br



Opinião:

     Sou aluna do 2º ano do Ensino Médio, tenho 20 anos de idade. Li o artigo na vossa página sobre "Educação Moral e Cívica", e sinceramente nunca sequer ouvi falar de alguém que acreditasse que Patriotismo e Exercício das atividades cívicas pudesse mudar a realidade social.
     Com todo respeito à posição da educadora, eu me sinto na obrigação de discordar. No meu modo de pensar, caráter e ética não se constrói com o simples fato de desenvolver nos adolescentes o patriotismo e estímulo reflexivo dos valores éticos e morais. Concordo sim que as qualidades morais, cívicas e patrióticas aliadas à consciência do dever para com a nação são algumas das mais nobres virtudes, mas que se encaixam na disciplina militar, não na realidade social em que vivemos, onde as diferenças são predominantes. Acredito também que o desvio de caráter é causado pelos bloqueios sofridos durante a etapa de desenvolvimento psicoafetiva, o caráter é composto pelos componentes herdados e pela personalidade. E se cantamos ou não o hino nacional todos os dias não muda nossa realidade social, até porque não vivemos mais na ditadura militar e o civismo não empolga tanto os jovens.

Mariane Telles, Goiânia - GO.
Endereço eletrônico: te-lles@hotmail.com

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