segunda-feira, 25 de junho de 2012

É assim que se faz uma manifestação.


Ativistas usam 857 mesas escolares em protesto nos EUA contra evasão

Total de carteiras expostas em Washington representa número de alunos que abandona escola secundária por hora no país

NYT 
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Os turistas que tentavam descobrir como chegar aos monumentos de Washington, nos Estados Unidos, e seus museus na quarta-feira, dia 20 de junho, encontraram algo no Passeio Nacional que não estava nos mapas: 857 mesas estudantis expostas perto do Monumento de Washington.
Cada mesa representa um dos 857 alunos que abandonam a escola secundária nos Estados Unidos a cada hora, todos os dias, de acordo com o Conselho de Colégios, que organizou o protesto com o intuito de apelar para os candidatos presidenciais para colocarem a educação no topo de suas listas de prioridades.

No Brasil: Ensino médio afasta aluno da escola
Um grupo de pessoas do conselho, com tablets nas mãos, recolhia assinaturas para uma petição online que dizia: "Se você quiser o meu apoio, eu preciso saber mais sobre como pretende resolver os problemas da educação. E não quero saber das mesmas promessas. Eu quero saber se você tem soluções reais, tangíveis, e que uma vez que estiver governando, estará pronto para tomar medidas sérias. Eu estarei observando o seu discurso de aceitação na convenção do seu partido."

 
Mais de 22.000 pessoas haviam assinado a petição até a noite de quarta-feira, com a maioria das assinaturas provenientes de pessoas que haviam encontrado a petição na internet.
O esforço faz parte da campanha "Não se Esqueça da Educação" do Conselho de Colégios, o primeiro empreendimento da organização no mundo da política.
Na terça-feira, dia 19 de junho, quatro caminhões trouxeram as mesas e 50 pessoas as descarregaram e as organizaram durante 8 horas embaixo de um sol escaldante.
O homem responsável pela execução do protesto é Adam Hollander, 38, de Nova York, produtor executivo de criação da empresa Brand Marketers. "Hoje nós vivemos em uma cultura muito visual", disse ele, um pouco bronzeado após horas no sol. "Hoje em dia, você tem que ver para acreditar. Todo mundo ouve esse número 857, mas isso realmente não significa nada até que você possa ver do que estão falando."
Lee e Gina Gloscoe de Nebrasca, ambos com 48 anos de idade, passeavam pelo Passeio Nacional na quarta-feira com suas três filhas, quando viram o protesto.
"É claro que estamos nos perguntando por que será que eles estão sob este sol escaldante", disse Gina Gloscoe, uma fonoaudióloga. "Quando chegamos e lemos a placa, foi bastante surpreendente. Dá para ter uma boa noção do número de crianças que estão desistindo de estudar."
NYT
Protesto em Washington cobra mais atenção à educação de candidatos à presidência dos Estados Unidos

Tanto o presidente Barack Obama quanto Mitt Romney, seu adversário republicano, muitas vezes mencionam a importância da educação, geralmente no contexto de consertar a economia do país e criar empregos, ou de tornar o ensino superior mais acessível - o assunto de um dos discursos de Obama feito em janeiro de 2012. Em um discurso em maio, Romney propôs que os alunos pobres e deficientes deveriam utilizar o dinheiro federal para se matricular em qualquer escola pública, particular ou a distância.
Um grupo de meninas matriculadas em um acampamento de verão de artes parou diante das mesas em exposição e ofereceu seus pensamentos a respeito da educação.
"Eu acho que é muito ruim saber que temos dinheiro suficiente para financiar guerras e temos dinheiro suficiente para financiar grandes projetos, mas não temos dinheiro suficiente para manter as crianças na escola", disse Hannah Getto, 13, de Michigan.
Gabrielle Moore, 14, da Virgínia, disse não concordar com a ideia de que as mudanças para a educação devam esperar até que a economia e o mercado imobiliário tenham se recuperado. "Não sabemos quanto tempo isso vai durar, e não podemos simplesmente deixar essa questão de lado e esperar", disse.

Eles querem "começar" a se interessar por estudar no ensino médio?


Ensino médio afasta aluno da escola

Etapa foca apenas no preparo para o vestibular, mas não prepara jovens "para o mundo", segundo educadores e estudantes

Cinthia Rodrigues, iG São Paulo | 22/02/2011 07:00

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Até a 8ª série, Evelyn Manuel Rodrigues era a típica boa aluna, com caderno caprichado, gosto pelos estudos e notas acima da média. Na 1ª série do ensino médio, seu rendimento caiu, faltou várias vezes às aulas, chegou atrasada tantas outras, acabou reprovada e desistiu de estudar. Longe de ser uma exceção, ela entrou para um grupo que consiste na metade dos estudantes desta etapa de ensino: os que desistem antes de terminá-la. A escola não consegue manter o interesse dos adolescentes.
A falta de atratividade é tema da segunda reportagem da série do iG Educação sobre o ensino médio. Além dos alunos que deixam de estudar nesta fase, muitos dos que ficam não demonstram vontade de aprender, o que contribui diretamente para torná-la a pior etapa da educação brasileira.

Foto: Guilherme Lara Campos/Fotoarena
Para especialistas, ensino médio com o o currículo atual é inútil para a maioria dos estudantes
“O ensino médio, como está, é algo inútil na vida da maioria dos jovens”, afirma Elizabeth Balbachevsky, livre docente do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora participante de grupos internacionais na área de educação para jovens. Para ela, a orientação para o vestibular, objetivo de quase todas as escolas desta etapa, é um desperdício.
“Para quem não está na perspectiva de entrar na faculdade, a sala de aula não tem nada a oferecer. O ensino brasileiro tem uma carga muito forte, toda preparatória para o acesso à universidade e não para a vida ou o curso superior em si”, comenta. O problema é que a maioria não vai prestar o tão esperado processo seletivo, principalmente antes de experimentar primeiro o mercado de trabalho: só 15% dos jovens brasileiros de até 29 anos fizeram ou estão fazendo um curso superior. Nos países mais desenvolvidos esta porcentagem dobra, mas ainda fica muito longe de ser maioria.
O coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, concorda que o foco do ensino médio precisa ser ajustado. “No mundo todo, a fase tem um caráter terminativo. Dali para frente a pessoa está preparada para começar a vida adulta, pode até ser na faculdade, para quem quer, mas também pode ser trabalhando ou em qualquer projeto. A educação básica está concluída”, diz.

Foto: Amana Salles/FotoarenaAmpliar
Para Ayrton Souza, única função do ensino médio é preparar para o vestibular
Hoje aos 19 anos, Evelyn Rodrigues, a jovem que abre esta reportagem, percebeu a falta que lhe faz os estudos. Nos três anos em que ficou longe da sala de aula, trabalhou como tosadora de cães, foi morar com o namorado e ficou grávida. “Nesta época, eu queria trabalhar. Quando arrumei um emprego, achei que estava aprendendo mais lá do que na escola. A aula parecia não ter muito a ver com minha vida. Agora sei que era fundamental para melhorá-la.”
“Acho que a escola podia dar um curso”
Os alunos do ensino médio reconhecem o objetivo pré-vestibular da escola. Ao ser questionado sobre para que serve essa fase, Ayrton Senna da Silva Souza, de 16 anos, estudante do 3º ano na escola estadual José Monteiro Boanova, no Alto da Lapa, área nobre de São Paulo, resume a função em uma frase: “Para mim, esta é a etapa que vai mostrar quem está pronto para entrar na faculdade”, disse.

Foto: Amana Salles/FotoarenaAmpliar
Recém-formado, Carlos Educardo Dias acha que a escola podia ter oferecido "cursos" que ajudassem na busca do emprego
Quando a pergunta é o que gostariam que a escola oferecesse, a resposta muda. “Um curso”, responde Carlos Eduardo Dias, de 18 anos, que se formou na mesma unidade em dezembro. Ele espera fazer curso superior um dia, quando souber melhor em que área quer se especializar e tiver dinheiro para pagar a mensalidade. Enquanto isso, trabalha como auxiliar em uma concessionária de veículos. “Tive sorte de ser indicado, mas acho que a escola podia dar um curso que ajudasse mais, de informática, de vendas, algo assim.”
Outra colega do 3º ano, Eliza Rock da Silva, de 17 anos, mesmo tendo a universidade como meta, gostaria de ter mais autonomia e um ambiente melhor para aprender. “Acho que se os alunos tivessem o direito de escolher parte do curso, diminuiria o desrespeito pelos professores e, quem tem interesse, conseguiria estudar. Eu gostaria.”
A superintendente do Instituto Unibanco, Wanda Engel, sugere, além de conteúdos voltados ao mercado de trabalho, mais atividades culturais e esportivas. Ela lembra que até pouco mais de uma década, o ensino médio era uma "festa" para os jovens que tinham acesso a ele. Os alunos se envolviam em grêmios estudantis, festivais culturais, competições esportivas e outras atividades que desapareceram da maioria das instituições. Para a educadora, só há dois motivos capazes de manter os jovens na escola: “ou eles vão porque vale o esforço, vão aprender algo útil e conseguir emprego; ou porque há atrações que os envolvem”.

Foto: Amana Salles/FotoarenaAmpliar
Para Eliza, mais autonomia geraria respeito em sala de aula para interessados poderem estudar
Formação do ser humano
Nem só o mercado de trabalho precisa de jovens bem formados. O professor de Políticas Educacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e diretor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), Pablo Gentili, lembra que os jovens também são cidadãos, eleitores e ajudam a definir a cara da sociedade brasileira por gerações. "O ensino médio deveria se preocupar com a formação do ser humano", resume.
Ele entende que a adolescência é um momento de transformação da pessoa e, portanto, é essencial que bons valores sejam apresentados. "O ensino médio é uma oportunidade ímpar para que o jovem se depare com o conhecimento que vai torná-lo ativo e produtivo”, afirma.
Para ele, em vez de um conteúdo voltado ao vestibular ou ao mercado de trabalho imediato, as escolas deveriam focar nas disciplinas que ampliam o entendimento do mundo em que vivem, com noções de política, filosofia, sociologia, ciências, português e matemática. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tenta atrair a escola para esses focos, ao solicitar nas provas de acesso a boa parte das universidades públicas mais conhecimentos gerais e capacidade de raciocínio do que conteúdos específicos. “Um cidadão melhor se tornará, inclusive, bom profissional.”

terça-feira, 19 de junho de 2012

Se agora está assim, quero ver na copa.


“Esperei um táxi por duas horas”, conta participante estrangeira da Rio+20

Estrangeiros contam ao iG como tem sido a receptividade na cidade que vai receber Copa, Olimpíadas e Jornada Mundial da Juventude

Anderson Dezan, iG Rio de Janeiro 
Foto: Anderson DezanA norte-americana Tamara Rose Roske com os filhos. Ela reclamou da demora em se conseguir um táxi
Para o setor turístico do Rio de Janeiro, a conferência Rio+20 está sendo considerada como a primeira “prova de fogo” no quesito infraestrutura para receber estrangeiros. A cidade está repleta de turistas que vieram para a conferência ambiental da ONU.
Como a capital fluminense ainda vai receber outros grandes eventos nos próximos anos, entre eles a Jornada Mundial da Juventude (2013), a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016), a reportagem do iG foi ouvir o que alguns desses estrangeiros estão achando da receptividade no Rio neste primeiro teste.
A norte-americana Tamara Rose Roske veio acompanhar veio acompanhar o filho Xiuhtezcatl Martinez, 12 anos, nos eventos ambientais que acontecem no Rio. O menino é um dos líderes da ONG juvenil Earth Guardians e foi convidado a fazer apresentações na Rio+20, Cúpula dos Povos e Youth Blast. Segundo ela, sua maior dificuldade até o momento foi a locomoção com táxis.
“Está difícil chegar e sair dos eventos. Pedimos táxi e os motoristas não sabem onde nos encontrar. No domingo, liguei para um empresa e fiquei esperando por um táxi por duas horas [no Riocentro]
. Acabei desistindo e pedi a ajuda para um amigo vir me buscar”, contou ela.
No Aeroporto Internacional do Galeão, Tamara também passou por uma situação confusa. “Fui a um restaurante com duas amigas e meus dois filhos. Pedi café com creme só para as três adultas e trouxeram cinco. Informamos que as crianças não bebem café e cobramos o creme. Não sei o que entenderam, mas trouxeram um pote com creme para as crianças”, relembrou, rindo.
Foto: Anderson DezanA colombiana Diana Rodriguez (à direita) disse ter enfrentado problemas no aeroporto de Guarulhos (SP)
Assim como Tamara, a colombiana Diana Rodriguez enfrentou também problemas no aeroporto, mas no de Guarulhos. A administradora ambiental chegou ao País no sábado pelo terminal paulista e encontrou dificuldades para conseguir informações. “Não sabiam como deveria proceder para participar da Rio+20. As informações foram surgindo aos poucos, conforme fui pedindo ajuda a algumas pessoas na rua”, disse.
No Rio, Diana está acampada na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, zona sul da cidade. Para se deslocar de lá até o Riocentro, na zona oeste, ela utiliza um ônibus fretado pela ONU. “A conferência oficial da Rio+20 está muito longe do centro. Achei isso ruim. Pegamos muito trânsito para chegar”, avaliou.
Sobre o evento no Riocentro, ela considerou bem organizado, com ar-condicionado funcionando, sinalização eficaz, atendentes que falam outras línguas, cardápios bilíngues e câmbio para pagar refeições. Na praça de alimentação só encontrou uma ressalva: o valor da comida. “Está tudo muito caro. A ONU deveria garantir a alimentação das pessoas que vêm para a conferência”, opinou.
Para Diana, mesmo com esses imprevistos, sua comunicação é facilitada por ela falar espanhol, língua próxima ao português. O chinês Yang Liu não conta com essa facilidade. Acompanhados de amigos, o universitário chegou no último dia 10 ao Rio e, desde então, tem utilizado a linguagem corporal frequentemente.
“É dificil encontrar motoristas que falem inglês. Geralmente mostramos no mapa onde queremos ir e usamos mímicas, é o jeito!“, contou bem-humorado o jovem, que está hospedado em um albergue em Botafogo, bairro da zona sul. “No aeroporto também foi difícil encontrar alguém para me ajudar, mas acabei achando alguém”, completou.
Esses contratempos, no entanto, não desanimam o chinês que visita o Brasil pela primeira vez. “O Rio é lindo e as pessoas são muito afetuosas. Ouvia falar que a cidade não era muito segura, me pediram para tomar cuidado, mas não encontrei nada disso. Mesmo com esses pequenos problemas, quero voltar outras vezes”, disse, sorrindo.
Foto: Anderson DezanO chinês Yang Liu usa a linguagem corporal para se comunicar

sábado, 16 de junho de 2012