http://noticias.r7.com/saude/noticias/fumar-maconha-antes-de-dirigir-dobra-chance-de-acidentes-diz-estudo-20120210.html
http://videos.r7.com/um-dos-principais-traficantes-de-maconha-e-preso-em-ceilandia/idmedia/5036180c6b713febc5051fc4.html
http://noticias.r7.com/internacional/noticias/adolescentes-que-fumam-maconha-podem-danificar-memoria-e-inteligencia-20120827.html
http://noticias.r7.com/saude/fumar+maconha+na+adolescencia+reduz+capacidade+intelectual-28082012
http://noticias.r7.com/saude/noticias/usuarios-de-maconha-tem-duasvezes-mais-problemas-mentais-20101005.html
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
terça-feira, 28 de agosto de 2012
domingo, 26 de agosto de 2012
Agora finalmente descobri o pq de alguns alunos estarem tão irritados
Falta de sono desliga centros do cérebro que controlam emoções
2007-10-23
Cientistas conseguiram provar neurologicamente por que motivo a falta de sono conduz a um comportamento emocional irracional, com reacções exageradas a experiências negativas, pode ler-se num artigo hoje publicado na revista Current Biology.
Segundo o estudo, a privação de sono "desliga" a região do lóbulo pré-frontal, que normalmente mantém as emoções sob controlo, provocando nos centros emocionais do cérebro uma reacção exagerada a experiências negativas.
2007-10-23
Cientistas conseguiram provar neurologicamente por que motivo a falta de sono conduz a um comportamento emocional irracional, com reacções exageradas a experiências negativas, pode ler-se num artigo hoje publicado na revista Current Biology.
Segundo o estudo, a privação de sono "desliga" a região do lóbulo pré-frontal, que normalmente mantém as emoções sob controlo, provocando nos centros emocionais do cérebro uma reacção exagerada a experiências negativas.
O novo estudo da Escola Médica de Harvard e da Universidade da Califórnia, em Berkeley, é o primeiro a explicar ao nível neural o que parece ser um fenómeno universal: que a perda de sono conduz a um comportamento emocional irracional, de acordo com os investigadores.
A descoberta pode também oferecer algumas explicações clínicas para a relação entre as interrupções de sono e alguns problemas psiquiátricos, podendo ajudar com novos mecanismos para tratar estas desordens ao nível cerebral. "O sono parece restaurar os nossos circuitos emocionais no cérebro e, ao fazer isso, prepara-nos para os desafios e interacção social do dia seguinte", disse Mathew Walker, da Universidade da Califórnia, Berkeley.
"Mais importante, este estudo demonstra o perigo de não dormir o suficiente. A privação de sono quebra os mecanismos do cérebro que regulam os pontos-chave da nossa saúde mental", salienta. Os cientistas já sabiam que a privação de sono prejudica um enorme conjunto de funções corporais, incluindo o sistema imunitário e de metabolismo e os processos cerebrais de aprendizagem e memória.
Pela primeira vez
No entanto, esta é a primeira vez que se prova o papel do sono no governo do estado emocional do nosso cérebro. No estudo, a equipa de Walker distribuiu 26 pessoas por um grupo de privação de sono durante 35 horas ou por um grupo em que o sono era permitido normalmente.
No dia seguinte, os cérebros dos participantes foram fotografados por ressonância magnética, processo que mede a actividade cerebral com base na pressão sanguínea, enquanto viam 100 imagens. Ao princípio, os participantes no estudo encaravam as imagens como emocionalmente neutrais, mas ganharam-lhes cada vez mais aversão com o tempo.
"Prevíamos um potencial aumento de reacção emocional no cérebro com o sono, mas a dimensão do aumento surpreendeu-nos deveras", disse o investigador, referindo que os centros emocionais do cérebro "estavam cerca de 60 por cento mais reactivos debaixo das condições de privação de sono do que em sujeitos que tinham dormido normalmente".
Sem sono, o cérebro reverte até a um mais primitivo padrão de actividade, tornando-se incapaz de contextualizar experiências emocionais e produzir respostas apropriadas e controladas, acrescentam os investigadores.
A descoberta pode também oferecer algumas explicações clínicas para a relação entre as interrupções de sono e alguns problemas psiquiátricos, podendo ajudar com novos mecanismos para tratar estas desordens ao nível cerebral. "O sono parece restaurar os nossos circuitos emocionais no cérebro e, ao fazer isso, prepara-nos para os desafios e interacção social do dia seguinte", disse Mathew Walker, da Universidade da Califórnia, Berkeley.
"Mais importante, este estudo demonstra o perigo de não dormir o suficiente. A privação de sono quebra os mecanismos do cérebro que regulam os pontos-chave da nossa saúde mental", salienta. Os cientistas já sabiam que a privação de sono prejudica um enorme conjunto de funções corporais, incluindo o sistema imunitário e de metabolismo e os processos cerebrais de aprendizagem e memória.
Pela primeira vez
No entanto, esta é a primeira vez que se prova o papel do sono no governo do estado emocional do nosso cérebro. No estudo, a equipa de Walker distribuiu 26 pessoas por um grupo de privação de sono durante 35 horas ou por um grupo em que o sono era permitido normalmente.
No dia seguinte, os cérebros dos participantes foram fotografados por ressonância magnética, processo que mede a actividade cerebral com base na pressão sanguínea, enquanto viam 100 imagens. Ao princípio, os participantes no estudo encaravam as imagens como emocionalmente neutrais, mas ganharam-lhes cada vez mais aversão com o tempo.
"Prevíamos um potencial aumento de reacção emocional no cérebro com o sono, mas a dimensão do aumento surpreendeu-nos deveras", disse o investigador, referindo que os centros emocionais do cérebro "estavam cerca de 60 por cento mais reactivos debaixo das condições de privação de sono do que em sujeitos que tinham dormido normalmente".
Sem sono, o cérebro reverte até a um mais primitivo padrão de actividade, tornando-se incapaz de contextualizar experiências emocionais e produzir respostas apropriadas e controladas, acrescentam os investigadores.
sábado, 25 de agosto de 2012
De castigo e sem recreio
De castigo e sem recreio
28/12/2011 por Rafael Iglesias
Outro dia, me perguntaram por que eu falava tanto de educação. Ao que respondi: “Não sei, se você tivesse educação, saberia”. Com isso, acabei faltando com a educação e comprovando a minha tese.
Corre no Facebook, com mais de 12 mil compartilhamentos, uma mensagem com a foto do governador Geraldo Alckmin (PSDB), de São Paulo. Diz, dessa maneira: “Olhem a pérola que o Sr. Governador disse: ‘Quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado’”.
Motivo de revolta dos educadores e de alguns alunos de escolas públicas (digo alguns, porque a maioria dos alunos – que deve ser de adolescentes – odeia a escola, o professor, a mãe, o pai, o universo e a tia que aperta as bochechas), claro.
A campanha, iniciada por Edu Passeau, sugere a Alckmin que doe seu salário e governe por amor. Entre os comentários do post, um é destacado: “Temos o governador que elegemos. O erro não é dele e a mentalidade medíocre não vai mudar porque ficamos indignados. O erro é nosso na hora do voto e ficamos indignados com as m***** [a saber, “merdas”] que ele fala”.
Há toda uma dramática execração. Coitado do governador paulista, porque com essa história de que praga no final do ano pega…
O que o Passeau não sabe – ou sabe, mas se faz de bobo – é que a frase foi sim dita pelo “senhor governador”. Sim, claro. Mas pelo governador do Ceará, Cid Gomes (PSB). O que não significa que o pensamento de Alckmin (todos, eu inclusive, como aluno de escola estadual que fui, conhecemos os problemas e as vergonhas do sistema) seja diferente, mas a questão que abordamos aqui é a de atribuição de uma frase a uma pessoa que sequer se importa em falar mal ou bem.
A frase compartilhada por revoltados professores também não é confiável, pois há uma boa edição. A íntegra da fala de Gomes é: “Quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado, eles pagam mais? Não. O corporativismo é uma praga no meu ponto de vista”. O governador cearense disse isso numa época de greve (“Greve só prejudica o aluno.”), num evento lotado por docentes.
Se esse tal cara que iniciou a “corrente” (ele foi contatado, se responder, este texto será atualizado) for um professor, devemos avaliá-lo como ruim, já que está passando informação errada para milhares de pessoas. É possível mostrá-lo – e também os que divulgaram a “pérola” – como regularmente alienado do cotidiano.
Claro que não podemos livrar de críticas os governos tucanos, que há muitos anos se dedicam a uma coisa que meus professores chamavam de “plano antieducação”.
Podemos chamar o que aconteceu no Facebook de efeito Clarice Lispector, ou efeito Caio Fernando Abreu, ou efeito Arnaldo Jabor: até frases de Shakespeare são atribuídas a eles.
E aí, meu caro, como fica a qualidade deste tipo de educação? Para o canto, de castigo e sem recreio!
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Quando "Não posso" é igual a "Não quero"
A filosofia do " não posso " Tem sido a causa principal de muitas ruínas. A confiança é a chave mágica que abre as portas do êxito e da felicidade. O. S. Marden
Uma das situações mais chatas que existem no emprego de "Assistente Social de Menor Abandonado Intelectualmente por Irresponsáveis Legais", vulgo, professor, é quando peço para os alunos fazerem alguma coisa e eles, de prontidão, já dizem que não conseguem. Como que um aluno desse passou da 4ª série? Será que pra tudo que um professor for planejar para uma aula, os alunos SEMPRE virão com essa desculpa pré-planejada que NÃO PODEM fazer?
Tive uma pessoa em minha vida, que muitas vezes dizia pra mim que não podia fazer algumas coisas pra nós. Acabei descobrindo não muito tarde que quando ela dizia que não podia fazer, significava simplesmente que ela não QUERIA e não IRIA tentar fazer.
Pra terminar, uma frase que eu uso muito frequentemente. Quem quer dá um jeito, quem não quer, dá uma desculpa.
Pra terminar, uma frase que eu uso muito frequentemente. Quem quer dá um jeito, quem não quer, dá uma desculpa.
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Ensino A Distância no Brasil
ANED
Reportagem sobre ED no Fala Brasil
Lançamento da Frente Parlamentar pela ED
Na última terça-feira (29/05/2012) foi lançada, no auditório Freitas Nobre em Brasília, a Frente Parlamentar Mista de Educação Domiciliar, presidida pelo Deputado Federal Lincoln Portela – líder do PR-MG e autor do Projeto de Lei nº 3179/12, que regulamenta a Educação Domiciliar no Brasil.
Além do Deputado, entre
os integrantes da mesa estavam Caleb O'kray (diplomata americano, adido
de Agricultura na Embaixada dos Estados Unidos); Edilberto Sastre
(sociólogo colombiano); Ricardo Iene (presidente da ANED) e Alexandre
Magno Moreira (consultor jurídico do MEC e diretor jurídico da ANED).
Estiveram presentes, também, autoridades, parlamentares, chefes de gabinetes e pais que defendem a proposta da ED.
Entre os Deputados
presentes, manifestaram-se, subindo à Tribuna os parlamentares: Gonzaga
Patriota (PSB-PE), Laércio Oliveira (PR-SE), Luciano Castro (PR-RR),
Izalci (PR-DF), Paulo Freire (PR-SP) e o deputado distrital Raad Massouh
(PPL). Todos se manifestaram de forma favorável à ED, parabenizando o
Dep. Lincoln pela iniciativa.
Em sua fala, Alexandre
Magno fez um discurso emocionante sobre a questão jurídica da ED no
Brasil. Para tanto, buscou um “caminho inverso” àquele geralmente tomado
ao tratar desse assunto: ao invés de tratar do direito dos pais ensinarem em casa, falou sobre o dever dos mesmos com a educação de seus filhos.
Já o diplomata Caleb
O'kray, juntamente com a esposa, falou ao público sobre suas
experiências como aluno domiciliar. Ele parabenizou a iniciativa e disse
que está “empolgado” com o sucesso da modalidade no Brasil.
Destacamos, ainda, a
participação dos irmãos irmãos Jônatas e Davi Nunes, que falaram sobre a
experiência de serem ensinados em casa e sobre a satisfação de terem
recebido o prêmio da Campus Party. Os irmãos foram muito aplaudidos quando honraram o pai pela coragem e iniciativa de educá-los em casa.
Após esse grande passo
na luta pela regulamentação da ED, o próximo será uma reunião com o
Ministro da Educação Aloízio Mercadante, que ocorrerá na próxima semana.
Posteriormente, também haverá uma audiência com a OAB.
Também pretendemos conversar com o Dep. Valdenor Prereira (PT), que foi nomeado relator do projeto de lei.
Diante de tantas boas notícias, nos resta apenas agradecer a todos que têm participado desse movimento.
Muito obrigado!
Sem educação formal, irmãos ganham prêmios
Fora de escola desde 2006, os jovens estudam em casa apenas os temas que lhes interessam e não pensam em cursar faculdade
Terça, 26 de Maio de 2012, 21h44
Ocimara Balmant e Fernanda Bassette, de O Estado de S. Paulo
Atualizado às 10h51
Davi e Jônatas estão com as malas prontas para a primeira viagem ao exterior: vão para a Califórnia em agosto. Ganharam as passagens e a estadia para a Campus Party americana após vencerem um concurso na edição brasileira do evento.
Por aqui, eles concorreram com mais de 7 mil "nerds", egressos dos cursos de Engenharia e Ciência da Computação. O currículo dos campeões, no entanto, é bem mais modesto. Eles abandonaram a escola antes de concluir o ensino fundamental.
Os dois foram educados pelos próprios pais, em casa. "Se eu estivesse no colégio, estaria entrando na universidade. Em casa, foquei apenas no que gosto. Não perdi tempo nas disciplinas que não me interessam", diz Davi, de 19 anos. Jônatas, um ano mais novo, alfineta: "Mesmo porque o melhor é ter uma boa ideia. Depois, se for preciso, coloco um engenheiro para programar".
A cada afirmação, os dois olham de soslaio para o pai, sentado no sofá ao lado e se segurando para ele mesmo não responder a todas as perguntas. A cada prêmio dos filhos - só nos primeiros quatro meses deste ano eles já ganharam cerca de R$ 30 mil em concursos - Cléber Nunes se convence ainda mais da decisão tomada no fim de 2005, quando Jônatas e Davi terminaram a 5.ª e a 6.ª série.
"Mas, mesmo com todos esses prêmios, ainda dizem que neguei educação para os meninos", diz o pai, referindo-se ao crime de abandono intelectual pelo qual ele e a mulher, Bernadeth Nunes, foram condenados em 2010. Também teriam de pagar uma multa, estimada hoje em R$ 9 mil, pela condenação em um processo na área cível por descumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). "Não quitamos porque temos certeza de que nossos filhos receberam instrução adequada", afirma a mãe.
Quem a vê tão convicta nem imagina que ela era terminantemente contra a decisão do marido. Tanto que, na primeira tentativa de Cleber, no fim de 2004, Bernadeth vetou a ideia. Para convencer a mulher, ele foi aos Estados Unidos, conheceu famílias que praticavam o ensino domiciliar e trouxe uma mala cheia de material sobre o tema.
Começava aí seu processo de "doutrinação" que só tem ganhado adeptos. A mais nova convertida é a pequena Ana, a caçula da família. Aos 5 anos, ela já sabe ler e escrever, é fluente em inglês e, apesar de nunca ter frequentado uma escola, tem uma opinião formada sobre o que se aprende na instituição: "Nada".
Informal. A sala de aula da menina é um cantinho do escritório coletivo que fica no térreo do sobrado em que a família vive, no município mineiro de Vargem Alegre. No espaço, as bonecas ficam junto dos livrinhos de tecido costurados por Bernadeth.
Enquanto a mãe ensina a menina a ver as horas, Jônatas desenvolve um software para informatizar as mercearias do município, e Davi é capaz de se esquecer de comer só para programar os códigos que darão origem a um programa capaz de ajudar os candidatos a vereador e a prefeito a mapear redutos eleitorais e traçar estratégias de comunicação.
Creditam todo o aprendizado à técnica implementada pelo pai, autodidata que saiu da escola no 1.º ano do ensino médio.
Assim que os tirou da colégio, Cléber os ensinou lógica, argumentação e aritmética, base a partir da qual eles poderiam estudar o que lhes conviessem. Davi e Jônatas decidiram ignorar disciplinas como química, biologia e geografia. "Por que eu deveria saber o que são rochas magmáticas?", questiona Jônatas.
Das disciplinas oficiais, ficou somente o inglês. Para estimular a fluência, Cléber comprava cursos de informática em inglês e pedia que os filhos legendassem documentários.
Atualmente, cada um faz seu currículo e seu horário. Mas nunca são menos de seis horas diárias, seis dias por semana. Jônatas, webdesigner, dispersa fácil, tanto que decidiu sair do Facebook para não perder tempo. Davi, programador, é mais centrado, cumpre à risca a grade horária colada no mural do seu quarto, ao lado de onde se vê um versículo bíblico em hebraico, idioma que ele aprendeu sozinho com o intuito de compreender melhor textos do livro sagrado.
Motivação. A retirada dos filhos da escola coincidiu com a decisão da família por uma vida mais simples e de retorno a padrões morais descritos na Bíblia.
Cléber abriu mão de sua empresa de produtos de aço inoxidável, como troféus e placas de honra, para fabricar as peças no quintal de casa. Bernadeth, que era decoradora e cursava Arquitetura, abandonou o curso e, desde então, dedica-se a cuidar da casa e a alfabetizar a filha.
Por fim, trocaram a cidade de Timóteo, com 80 mil habitantes, pela pequena Vargem Alegre, de apenas 7 mil moradores e quase nenhuma opção de lazer. "O pai nos comunicou sobre a mudança. No começo, estranhamos, mas agora já me acostumei com o passeio na pracinha da igreja", diz Davi.
Vez ou outra, jogam futebol com os vizinhos e viajam a Timóteo para encontrar os primos e os ex-amigos de escola. No dia a dia, e sem TV em casa, os cinco estudam, trabalham, fazem as refeições e divertem-se assistindo a vídeos do Youtube. Mas não cansa ficar tanto tempo juntos? Pelo jeito, não. Como acompanhantes da viagem à Califórnia, os meninos não hesitaram: vão levar o pai e a mãe.
Educadores divergem sobre metodologia de ensino fora da escola
Profissionais da educação divergem sobre a possibilidade de pais educarem seus filhos em casa, fora do ambiente escolar. A pedagoga Maria Celi Chaves Vasconcelos, professora na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e na Universidade Católica de Petrópolis, fez uma pesquisa de pós-doutorado analisando a prática no Brasil e em Portugal. Aqui, a legislação não permite. Lá é liberado, dentro de algumas regras - entre elas, avaliação periódica.
"Apesar de ser um tema envolto em preconceito, que ainda recebe muitas críticas, as mudanças estão começando e mostram que existem outras maneiras de educar as crianças que não seja na escola", diz Maria.
Para o pedagogo Fábio Stopa Schebella, diretor pedagógico da Associação Nacional de Ensino Domiciliar, o preconceito contra o método é falta de informação. Ele, que já deu aulas em escolas regulares, hoje presta consultoria pedagógica para algumas famílias que ensinam os filhos em casa.
"Há uma crença equivocada de que as crianças que são educadas em casa não se socializam ou não aprendem direito. E isso é um erro. Elas têm rendimento até melhor, tanto na parte intelectual quanto social", afirma.
Equívoco. Quem tira os filhos da escola lhes rouba a oportunidade de se desenvolver integralmente, diz a professora Silvia Colello, da Faculdade de Educação da USP. "Nem a baixa qualidade e a falta de segurança das escolas justificam uma opção radical como essa. Esse tipo de ensino pode preparar a pessoa para o trabalho, mas não para o mundo."
Além disso, segundo Silvia, há um problema curricular. Em casa, muitos pais optam por privilegiar os temas de interesse do filho em detrimento de outras disciplinas. "É interessante que a família esteja atenta para captar os interesses e aptidões, mas cabe aos pais abrir perspectivas para novos interesses. Como é que o adolescente diz que não gosta de física, se ele nunca estudou a disciplina?"
O argumento de que é direito dos pais decidir o modelo mais apropriado de ensino é rebatido pelos educadores contrários à educação domiciliar: o direito da criança de frequentar a escola é que deve prevalecer.
A aceitação dos filhos a esse modelo de ensino, argumenta a pedagoga, tem mais relação com a falta de opção do que com a satisfação. "A maioria das crianças ou nunca foi à escola ou dela foi tirada muito cedo. Não têm parâmetros para comparar porque não conheceram o lado de cá."
Leis brasileiras não permitem ensino em casa
A legislação brasileira em vigor determina que os pais ou responsáveis matriculem as crianças na rede regular de ensino - o que torna ilegal, portanto, a prática do ensino domiciliar.
O artigo 6 da lei 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases) diz que "é dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos 6 anos de idade, no ensino fundamental". Já o artigo 55 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina que os pais ou o responsável têm a obrigação de matricular os filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
O Código Penal, em seu artigo 246, diz que é crime de abandono intelectual "deixar, sem justa causa, de prover a instrução primária de filho em idade escolar".
As famílias que defendem a educação fora da escola se baseiam no artigo 26.3 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, um tratado internacional ratificado pelo Brasil, que diz "que os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos".
O Ministério da Educação informou, por meio de sua assessoria, que não se manifesta em relação ao tema, pois se trata de uma questão jurídica/legal.
Permissão. Embora a legislação não permita a prática, há um projeto de lei do deputado Lincoln Portela (PR-MG) em tramitação na Câmara dos Deputados pedindo a regulamentação da educação básica domiciliar. O ensino deve ser realizada pelos pais, mas com supervisão e avaliação periódica.
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Pais, sejam firmes!
ESPECIAL
Rosely Sayão dá dicas aos pais sobre educação das crianças
Maior referência paulistana na formação de crianças e adolescentes, psicóloga aborda temas como rebeldia, bullying e drogas
Daniel Bergamasco [colaboraram Claudia Jordão e Jéssika Torrezan] | 27/06/2012
Rosely em frente ao Colégio Rainha da Paz, na Vila Madalena, do qual é consultora: conversas sem rodeios com pais e professores
Fernando Moraes
O que fazer se eu achar um cigarro de maconha escondido na gaveta do meu filho de 15 anos? Como responder a uma menina que pede autorização para dormir em casa com o namorado? Que limites devo impor aos garotos na hora de jogar videogame? Esses e outros dilemas a respeito da educação de crianças e adolescentes costumam deixar pais de cabelo em pé. No último dia 12, 300 deles lotaram o salão nobre do Colégio Marista Arquidiocesano, na Vila Mariana, para assistir a uma palestra sobre a questão.
+ Confira 337 desenhos de estudantes na faixa dos 13 anos sobre temas comportamentais
+ Concurso cultural: saiba como ter uma consulta com Rosely Sayão
+ Concurso cultural: saiba como ter uma consulta com Rosely Sayão
A estrela do evento era a psicóloga paulistana Rosely Sayão, considerada a maior especialista nesse tema na cidade. Em duas horas de conversa, ela respondeu a tudo ao seu estilo, de forma direta, muitas vezes desmontando as premissas do interlocutor. “Fiz um combinado com minha filha...”, dizia uma das presentes, antes de ser rebatida pela palestrante: “Olha, essa história de ‘combinado’ me irrita muito. Com criança pequena, temos de dar ordem e não estabelecer tratos”.
No fim do encontro, ela resumiu para o auditório a filosofia que considera mais eficiente para nortear as decisões em momentos difíceis: “Sejam potentes ao falar com o filho, mesmo sabendo que fatalmente errarão em uma coisa ou outra. Confiem no próprio taco”.
Reprodução
Desenhos de Rodrigo Tibério (esquerda), 14, e Carolina Monteiro da Costa, 13, alunos do Colégio Dante Alighieri: representações sobre boas maneiras de criar os filhos
Rosely tornou-se uma referência em relações familiares falando no programa “Seus Filhos”, que vai ao ar seis dias por semana na rádio BandNews FM, e escrevendo uma coluna para o jornal “Folha de S.Paulo” há quase vinte anos. Solicitada com frequência para consultoria e palestras em algumas das principais escolas da cidade, ela marca presença regular no Colégio Rainha da Paz, na Vila Madalena, e no Objetivo de Sorocaba, cidade a 100 quilômetros de São Paulo para a qual se mudou há um ano e meio, fugindo da correria daqui.
De duas a três vezes por semana, é conduzida por seu motorista particular à capital, onde promove um tipo peculiar de atendimento: reúne grupos de seis a dez pais na cozinha de um deles para prepararem juntos pratos como sopas e discutirem, diante do fogo brando, temas quentes sobre a criação de filhos. “Adoro culinária, e assim todo mundo fica mais à vontade”, diz ela, que cobra em torno de 1.000 reais por um encontro de duas horas (o cachê de palestras, bastante variável, pode passar dos 10.000 reais).
LICÕES DE CASA
Idade: 62 anos
Idade: 62 anos
Origem: paulistana, filha de professora primária e açougueiro. “Foi com ele que aprendi a ter sede de conhecimento”
Filhos: Camila, 37 anos, professora de educação infantil, e Fábio, 33, professor de ioga. “Na hora de educá-los, muitas vezes as teorias não eram suficientes. O mais importante era ter em mente que a tarefa não seria fácil e que eu deveria persistir sempre”
Tempos de escola: “Era boa aluna, mas repeti o 1º ano do 2º grau”
Vida acadêmica: formou-se em psicologia na PUC de Campinas e passou doze anos dando aulas e fazendo especializações na Universidade Metodista de Piracicaba
Atuação: consultora e palestrante para escolas e grupos de pais. Escreve uma coluna para a “Folha de S.Paulo” às terças e apresenta o programa “Seus Filhos” na rádio BandNews FM (de segunda a sexta, 1h17, 6h37 e 12h57; aos sábados, 11h). Publicou livros como “Família: Modo de Usar” (Editora Papirus)
Filhos: Camila, 37 anos, professora de educação infantil, e Fábio, 33, professor de ioga. “Na hora de educá-los, muitas vezes as teorias não eram suficientes. O mais importante era ter em mente que a tarefa não seria fácil e que eu deveria persistir sempre”
Tempos de escola: “Era boa aluna, mas repeti o 1º ano do 2º grau”
Vida acadêmica: formou-se em psicologia na PUC de Campinas e passou doze anos dando aulas e fazendo especializações na Universidade Metodista de Piracicaba
Atuação: consultora e palestrante para escolas e grupos de pais. Escreve uma coluna para a “Folha de S.Paulo” às terças e apresenta o programa “Seus Filhos” na rádio BandNews FM (de segunda a sexta, 1h17, 6h37 e 12h57; aos sábados, 11h). Publicou livros como “Família: Modo de Usar” (Editora Papirus)
TEMAS
A seguir, a psicóloga discorre sobre assuntos que tiram o sono das famílias. Os textos são acompanhados de ilustrações criadas por estudantes na faixa dos 13 anos, de seis escolas paulistanas, escolhidas entre mais de 300 trabalhos feitos a pedido da revista para esta reportagem.
A seguir, a psicóloga discorre sobre assuntos que tiram o sono das famílias. Os textos são acompanhados de ilustrações criadas por estudantes na faixa dos 13 anos, de seis escolas paulistanas, escolhidas entre mais de 300 trabalhos feitos a pedido da revista para esta reportagem.
Autoridade: “Eles gostam quando você mostra que manda”
Reprodução
Ilustração de Guilherme Vieira, 14, do Colégio Marista Arquidiocesano: o tema proposto foi “filho rebelde”
A esteticista Cristiane Godoy, de 44 anos, respira fundo ao falar do filho Gustavo, hoje com 20 anos, estudante de marketing. “Ele me deu um trabalhão!”, diz ela. A mãe sempre buscou ter pulso firme com o garoto, que aos 10 anos pôs fogo em uma casa de boneca no playground do prédio — a punição foi fazer o menino vender geladinhos (sorvetes em saquinhos) à vizinhança até arrecadar dinheiro para reparar o dano. Na adolescência, as bebedeiras se tornaram motivo de preocupação, mas ela insistiu em puxar sua orelha. “Agora, ele é um homem responsável”, diz.
Segundo Rosely Sayão, o caminho adotado por Cristiane foi o correto. Ela defende a tese de que os pais não devem esmorecer diante dos sinais de rebeldia. “Se falou algo cinquenta vezes e não resolveu, fale 500. Quando temos um filho, transformamos nossa casa em um campo de batalha. Todos os dias, ele vai olhar para você e pensar: ‘Qual é a sua? Quem é que manda aqui?’."
"Até os 12 anos, tem de ficar claro que são vocês. A partir dessa faixa, ele pode começar a decidir só um pouquinho, depois outro tanto, até chegar por volta dos 20 anos, idade em que administra a própria vida. O processo educativo é um embate, mas se engana quem pensa que o filho reprova quem mostra autoridade. Ele gosta, porque precisa de um referencial. O papel de pai e mãe é o de careta, os mais novos é que têm de ser modernos. E hoje você vê os adultos parecendo mais transgressores do que os jovens. Também vejo besteiras, como premiar com dinheiro a arrumação do quarto, deixando de ensinar o princípio da obediência. Sugiro, porém, atenção para ser coerente em punições. Se ele gasta o limite de crédito do celular para aquela semana, não adianta gritar, tirar o videogame e depois bancar a recarga. Deixe que ele fique sem o telefone para enxergar as consequências do seu ato.”
Privacidade: “Me arrepia ouvir gente dizendo que confia no filho”
“Não chego a incentivar, mas também não condeno pais que vasculham as mochilas ou folheiam o diário achado no guarda-roupa da filha. Se era para não ser encontrado, que tivesse escondido direito, e não tido tanta ingenuidade. Adolescentes estão muito infantilizados, e zelar pela própria privacidade ajuda no amadurecimento. Os adultos, por outro lado, agem de forma acertada ao se manter vigilantes para ver se está tudo certo. Acho pior as mães que não tomam atitude, dizendo que confiam nos filhos. Isso me arrepia, porque elas pressupõem que eles sabem o que fazem — e eles não sabem. São pessoas em formação, que precisam ser educadas para a vida.”
Drogas: “ Achou maconha? Faça escândalo”
Reprodução
Trabalho de Clara Costa D’Elia, 13, do Colégio Dante Alighieri: traço lúdico para falar dos caminhos do bem e do mal
“Nada é simples ao tratar de drogas. A primeira coisa a fazer como prevenção é não construir uma rotina em casa na qual o uso de determinadas substâncias, como álcool e calmantes, aparece como algo que pode tornar a vida mais fácil. Falar sobre o assunto quando as crianças são pequenas adianta pouco — para elas, os entorpecentes são do universo de criminosos, muito distante da realidade. Quando os filhos chegam à adolescência, uma reportagem de jornal ou um filme com o tema pode ser um caminho para puxar o assunto, falar sobre saúde, valorização da vida. O terrorismo que as escolas adotam não tem funcionado, e acho necessário tentar outras formas de comunicação."
"A frase ‘Diga não às drogas’ soa estranha — você não fala ‘Não roube’, e sim incentiva bons comportamentos, o respeito ao que não é seu. Nada é garantia de que ele não vai experimentar, mas educação é isso: fazer tentativas. Entretanto, se o filho já se aproximou dessas substâncias, é preciso mostrar convicção e reforçar o que pensa a respeito. Se eu pegasse um cigarro de maconha escondido na gaveta, faria um escândalo, ficaria mais de olho, limitaria as saídas. Mudar de colégio para alternar o círculo dos amigos é uma possibilidade, mas também sem certeza de acerto. O que não dá é a omissão. Quem observa bastante o filho, em vez de chegar em casa e ficar a noite toda vendo televisão, reduz muito o risco de descobrir algo quando as coisas estiverem graves.”
Falta de tempo: “É um erro culpar-se por trabalhar muito”
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“O que gosto de fazer com meus pais”: criação de Raquel Mourão, do Colégio Humboldt
“Muitos se martirizam por trabalhar demais e não ter tanto tempo para ficar com os filhos. Mas quem disse que você é obrigado a ter? Trata-se de culpa real sobre uma base imaginária. Escolher é um exercício de liberdade. Se você quis ter uma carreira, faça de tudo para harmonizar essa opção. O maior problema não são as poucas horas, mas os erros na tentativa de compensá-las. Com frequência, os pais querem desfrutar a presença da criança, priorizam agradá-la e abrem mão da educação. Ser afetuoso e brincar com ela não significa deixar de ter firmeza quando necessário. Agora, se acha que não consegue conciliar tudo, pode rever seus planos, fazer concessões no trabalho. Só não dá para deixar de lado o seu papel, como é comum. Isso acontece porque, para muitos, ter um filho integra o pacote de consumo do bem viver, que inclui também um belo apartamento, uma cozinha gourmet... A realidade é bem dura. Não há nada de fácil na paternidade”, afirma a psicóloga.
Preocupações desse tipo são tão frequentes em São Paulo que dão origem a serviços como o programa batizado de You in Action, criado para ajudar mulheres “na realização efetiva de uma vida mais plena”. Ao custo de 2.400 reais, elas frequentam dez encontros semanais de três horas cada um em que, entre os principais exercícios, têm aulas sobre estabelecer prioridades para sua vida, em geral equilibrando a convivência com a família. “Ensinamos a dizer não e a fazer sua agenda sem levar em conta apenas as expectativas dos outros”, diz Ana Raia, uma das sócias do curso, pelo qual já passaram cerca de 150 alunas desde 2011.
Babás: “Elas têm autonomia demais”
Na agência de babás Bia Greco Baby Care, a principal razão que faz as profissionais abandonar o emprego é apanhar das crianças das quais cuidam. “Elas crescem e querem testar limites”, diz Bia, sócia da empresa. Para Rosely, os pais têm falhado ao não lhes ensinar o devido respeito às profissionais. “O ideal é conversar com a empregada diante do filho, de modo a transferir a autoridade momentaneamente para ela. Dizer, por exemplo, que a lição de casa deve ser feita a tal hora, para ficar claro que é uma ordem sua. Isso é diferente de deixar que as contratadas eduquem do jeito que quiserem. Elas têm autonomia demais atualmente, muito pela preguiça de alguns pais. Delegar as decisões parece ser um caminho muito mais fácil, mas as consequências são problemáticas.”
Bons exemplos: “A coerência das ideias é o que mais importa”
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Ilustração de Sofia Daris, 13, do Dante: a eficiência de ser um modelo de comportamento
“O verdadeiro bom exemplo não se dá por meio de atitudes isoladas, mas pela coerência das ideias. Se a liberdade é um valor importante para você, tenha comportamentos que sustentem esse pensamento. Isso não impede ninguém de mudar de opinião quando quiser, mas reforça a crença nas suas orientações. Os adultos, porém, tendem à incoerência entre o discurso e a ação."
"Um dos meus exemplos preferidos sobre isso é a alimentação. Eles falam que é preciso ser saudável, mas mandam a criança para a escola com vários produtos industrializados na mochila — já que assim se perde menos tempo. Costumo fazer campanha pelas lancheiras amorosas, aquelas em que o produto fresquinho é preparado pela mãe, de preferência com a participação do restante da família. Da mesma forma, unir-se em torno da mesa quando possível, para que todos compartilhem desse momento, ajuda a melhorar a proximidade.”
Namoro e sexo: “Não está na idade? Proíba”
“Quando crianças começam a perguntar sobre sexo, muitos se assustam. Não é preciso criar fantasmas, pois se trata de uma curiosidade normal. O filho tem direito à verdade, e isso não quer dizer ficar falando sobre tudo sem necessidade. Quando chega a puberdade, levá-lo para conversar com um médico sobre as mudanças do corpo é uma boa. Hoje existem os hebiatras, especialistas em adolescentes, que podem esclarecer suas principais dúvidas, pois com os pais é tudo um pouco constrangedor, e os filhos podem evitar questões que revelem alguma intenção que preferem manter em segredo."
"Um dia desses, uma mãe me disse que daria permissão à filha de 12 anos para namorar, mesmo achando que era cedo demais. Seu argumento: uma negativa levaria a garota a fazer isso escondido. Está errado. Quer proibir, proíba. Se você autorizar o filho nessa idade a agir como adulto, ele passará a pensar que está mais maduro e adotará comportamentos sem seu conhecimento. Ou seja: a proibição não impede que ele faça algo longe dos seus olhos, mas a liberação também não. É melhor, então, deixar claro o que você pensa e orientá-lo a aproveitar aquela idade para outras coisas. Esse papo pode ser um alívio para o adolescente, que sente a pressão dos colegas e tem então uma chance de pôr no ‘pai chato’ a culpa pelo que deixou de fazer.”
Madrastas e padrastos: “Não apresente seu namorado antes da hora”
“Pessoas que, por algum motivo, se separaram da mulher ou do marido deveriam ter menos pressa de pôr os novos namorados em contato com suas crianças e adolescentes. Afinal, eles já sentem o fato de um outro adulto estar ausente, e isso pode se repetir caso a relação não dure muito tempo. É melhor deixar que ela se estabilize para introduzir o assunto aos poucos na conversa. Quando isso acontecer, é claro que todos que estão no entorno do filho devem prestar atenção nas ordens do responsável por ele. Se o pai falou para o menino não chegar perto de uma escada perigosa, e a namorada o vê fazendo isso, deve correr para tirá-lo dali, e não adotar o estilo impávido colosso, fingindo que não é com ela.”
Tecnologia: “Evitaria celular para criança de até 10 anos”
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Traços de Giulia de Moraes Gomes, 13: sobre a fixação por celular e internet
“As escolas enfrentam hoje uma série de dilemas sobre o uso de celular e tablet, que se tornaram questões pertinentes, por serem elementos novos com possibilidades boas e ruins de utilização. Uma das dúvidas é se devem deixar que os alunos atendam aos telefonemas dos pais durante a aula. Acho curioso, pois é claro que as famílias nem deveriam ligar para eles nesse momento. Particularmente, eu não daria celular a criança com menos de 10 anos. Se há emergência, ela pode recorrer ao aparelho fixo da escola."
"Depois disso, até os 12, deixaria usar de vez em quando, como ao ir à casa de um amigo. E aí você vai ensinando noções de comportamento, como não discutir problemas pessoais quando tem mais gente ouvindo. Uma das vantagens de não dar o equipamento é fazer a criança aproveitar o recreio. Trata-se de um momento de convivência com colegas e acaba todo mundo se fechando em seu mundinho, um desperdício. Vale também regular o uso de internet, estabelecer limites de tempo, para que ela não passe o dia inteiro ali.”
Homossexualidade: “Medo de o filho ser gay só atrapalha”
“Ninguém sabe quando o desejo homoerótico ou heteroerótico aparece na vida de alguém, mas ele só se manifesta na adolescência. Com menos de 6 anos de idade, não é preciso tocar nessa questão. Menina quer fazer xixi em pé, menino pode querer passar maquiagem, e isso tem a ver com experimentar papéis, e nada mais. Quando você bota atenção nisso, reforça o comportamento, porque criança acha que é o centro de tudo, adora chamar atenção."
"Nos anos seguintes, até a puberdade, vale pensar no que atitudes assim querem dizer: o garoto pode se identificar com a mãe ou ser tímido para brincar com os outros. Alguns pais se preocupam tanto que a profecia acaba se realizando. Se, no futuro, o filho se revelar gay, não há como impedir. Mas há um modismo hoje em dia, especialmente nas escolas particulares, de experimentação corporal que não tem nada a ver com desejo. Começou com garotas beijando garotas e agora se torna mais comum no sexo masculino, sem que represente necessariamente a homossexualidade.”
Onde fazer a matrícula: “As escolas são mais parecidas do que você pensa”
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De Natália Santana, 13, do Santa Maria: o tema foi “O que mais gosto de fazer na escola”
Anna Sayuri Mori tem apenas 2 anos de idade, mas já está com vaga reservada no Colégio Dante Alighieri, nos Jardins, no qual ingressará em 2014. Na contramão dos que se descabelam em busca do centro de ensino ideal, contudo, o pai da garota conta ter cogitado poucas opções. “Buscava um lugar tradicional e organizado, mas o principal critério era ser próximo de casa, pois não acho os colégios tão diferentes assim”, diz o advogado Kiyomori Mori.
Sua análise é corroborada pela psicóloga, que afirma: “As escolas são mais parecidas do que você pensa, nos vícios, na organização, na maneira de tratar os alunos. As famílias exageram nessa preocupação e acabam colocando o filho a uma, duas horas de casa, o que vai ser estressante. É claro que há alguns aspectos a observar. Visite a escola no horário de saída das turmas e puxe uma conversa com os professores do lado de fora, questione se eles se sentem respeitados e valorizados ali. Longe dos olhos dos diretores, eles podem mostrar mais sinceridade. Em segundo lugar, passe lá na hora dos intervalos e veja se há adultos propondo brincadeiras, tutelando a relação entre os estudantes, apartando as brigas. Recreio também é atividade pedagógica e se torna cansativo para o aluno ficar apenas correndo histérico pelo pátio. Por último, não dê tanta bola para os aspectos estruturais: atividades físicas são importantes, mas não se trata de um clube”.
Pais e mestres: “Famílias são parceiras do colégio, no mau sentido”
“Os pais têm delegado à escola sua função de cuidar dos filhos ao deixá-los ali o dia inteiro, por falta de opção. Assim, os colégios acabam se tornando verdadeiros depósitos, desvirtuando a imagem de serem um local de ensino. O inverso dessa relação também acontece: as famílias assumem funções que não são suas, especialmente quando o desempenho do aluno é ruim e os coordenadores recomendam que contratem um psicólogo ou um professor particular. Indicam até os profissionais para essas aulas de reforço — o que é uma loucura!"
"Se seu filho não está aprendendo, faça sua matrícula em outro lugar. Não gaste todo o seu dinheiro comprando um serviço pelo qual você já paga. Observo falta de preocupação em fazer o estudante aprender. Se ele não entende a explicação, os professores vão lá e ensinam tudo do mesmo jeito, várias vezes. Não se pode desistir do aluno desse jeito. Cobre que os profissionais arranjem as soluções.”
Diversidade: “Não querem que a escola seja inclusiva”
Quando tinha 4 anos de idade, o garoto Victor Hugo caiu ao se desequilibrar de uma laje. Os anos seguintes transformaram a vida da mãe, Alexandra Santos, numa grande batalha para que o menino tivesse acesso a atividades como equitação e natação de modo a estimular movimentos e as habilidades de fala, que ficaram prejudicados. Um de seus sonhos é matricular o filho, hoje com 12 anos, em um colégio convencional.
“Por enquanto, opto por um especial”, resigna-se. “Sei que fora dali ele sofreria preconceito.” Rosely não se surpreende com decisões como essa: “Os pais dos alunos sem deficiências frequentemente não querem que a escola seja inclusiva, porque acham que a turma ficaria atrasada, como se os alunos se nivelassem por baixo — uma inverdade —, e abrem mão da convivência com o diferente”.
Desempenho: “Seu filho não precisa ser o melhor da classe”
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Pai mostra ao filho a educação de forma divertida: representação de Alexandre Fehlberg, de 15 anos
Em suas palestras nos colégios da capital, a psicóloga costuma perguntar aos adultos presentes: “Quem aqui era ótimo aluno, daqueles que só tiravam 9 e 10?”. Uma minoria levanta os braços. “E os demais? São fracassados na vida?”
As gargalhadas da plateia se seguem à sua reflexão: “O rendimento se tornou supervalorizado nas últimas décadas. Antes, estudar era garantia de conseguir um bom emprego. Mas o tempo passou e não há mais essa certeza. Considerados esses aspectos, obviamente devemos nos preocupar com o aprendizado, o que não significa só tirar boas notas. Na era da informação, em que o conhecimento está disponível facilmente na internet, o papel da escola é ensinar o aluno a usá-lo com sabedoria. Seu filho não precisa ser o melhor da classe, e cobrar isso dele não é muito justo, já que em uma turma existe apenas um primeiro lugar”.
Convivência: “Os pais exageram no medo de bullying”
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De Bernardo Corrêa Duarte, 13, do Colégio Albert Sabin: “Como a vítima do bullying se sente”
“Antes, quando alguém baixinho, de óculos, era chamado de gnomo de jardim, quatro-olhos, ficava ofendido com isso, mas a mágoa uma hora passava. Hoje em dia, quando todo mundo fala em bullying, os pais se acham no dever de interferir, colocam uma lupa em cima da questão e aquilo que era uma chateação se transforma em tragédia. Quase todos os que forem investigar se o filho sofre bullying vão encontrar algo, já que pôr o outro em situação difícil é um dos prazeres das crianças e dos adolescentes — é raro alguém que escape ileso.
Se notar atitudes mais intensas, como o isolamento, procure o diretor. Mas saiba que os colégios tendem a se mostrar mais enérgicos com o tema do que realmente são. Observo sempre a entrada, a saída e o recreio das turmas: é ali que as agressões aparecem. A escola que quiser enxergar isso verá. O ideal é que se fale coletivamente com a classe sobre a atitude errada, sem citar o exemplo de quem sofre a rejeição, para não haver constrangimento.”
Carreira: “A escolha da profissão deve ter outros critérios”
“Existe hoje um grande equívoco de pais e jovens: a tentativa de escolher a profissão perfeita. Uma consequência dessa ilusão é o altíssimo número de matrículas de alunos que já haviam começado outro curso mas desistiram por achar que a nova opção seria determinante para sua vida profissional. As carreiras mudaram muito, e hoje as pessoas podem ser mais criativas sobre as várias possibilidades de atuação em uma mesma área, respeitando suas aptidões."
"Costumo usar meu próprio exemplo: como não tenho muitas habilidades manuais, eu não seguiria um caminho que exigisse isso de mim. Ao mesmo tempo, a psicologia foi um caminho para que eu fizesse coisas de que gostava muito, como ler e escrever.”
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