Comandada por freira linha-dura, escola só de meninas faz sucesso nos EUA
Irmã Dolores, diretora da instituição nova-iorquina, controla roupas das garotas e confisca bebidas alcoólicas das mais ousadas
Do seu carro, ano 2004, a irmã Dolores Crepeau, 63 anos, olha e avista uma jovem com uma cerveja na mão. Sem pestanejar, ela salta do veículo e vai até a garota, confisca a garrafa e joga o líquido na sarjeta.
Logo em seguida, a freira dá um sermão e diz que poderia prender a moça, já que, como conselheira da cidade de Nova York, tem autoridade para isso. Não satisfeita, Dolores pede que a garota, ainda chocada com tudo, ligue para os pais para que ela possa informar o que ocorreu com a filha deles.
O rigor que deixou a jovem estupefata não é nenhuma surpresa para as garotas da Fontbonne Hall Academy, uma escola católica só para garotas em Nova York. Aliás, entre as garotas circula uma provocação: “nada de bom acontece quando você cruza com a irmã Dolores no corredor”.
Essa severidade toda, que nos tempos atuais, pode parecer antiquada para alguns, faz o sucesso da Fontbonne, que está completando 75 anos desde sua fundação. A escola funciona em uma imponente mansão, que era originalmente a casa do magnata americano das ferrovias, Jim Brady.
Na sala da diretora é possível ler a missão da instituição num quadro: “Oferecer um programa de qualidade superior, enquanto forma mulheres confiantes e misericordiosas”.
Leia ainda: Americanas têm nível de educação maior que maridos
Irmã Dolores gosta das coisas bem regradas e cronometradas, isso se reflete até nos mínimos detalhes. “Nossa média é de 2 minutos e 10 segundos”, diz a diretora, enquanto calcula o tempo que as meninas levam para deixar o colégio, à tarde. Quando a última sai, Dolores fica contente ao descobrir que um recorde foi batido. A saída durou exatos 1 minuto e 40 segundos.
Rigor combina com afeto
A severidade de Dolores pode incomodar as alunas, mas os pais não se queixam. Stephen Gordon é um deles e diz que justamente por causa do rigor sua filha Danielle tornou-se apta a enfrentar o rigoroso programa de West Point, uma famosa academia militar dos Estados Unidos.
No entanto, quando a mesma Danielle, exausta pela maratona de estudos, fraquejou e pensou em largar tudo, Dolores mostrou seu lado mais afetuoso, dando apoio e a incentivando a continuar.
Outra aluna, Alessandra Fordera, também encontrou apoio quando as dores que sente por causa de uma artrite atrapalharam os seus estudos. “Ela nos ensina a respirar profundamente e isso acalma, ela é muito boa nisso”, explica Alessandra.
Como a filha de Gordon, as 132 alunas que se formarão esse ano na Fontbonne têm grandes chances de entrar nas melhores universidades americanas no próximo ano escolar.
Dia especial
Falando em formatura, as alunas já começaram a preparar as roupas que serão usadas no dia especial. Irmã Dolores liberou as garotas para escolher o vestido da festa, mas faz questão de inspecionar cada um deles no seu escritório.
“Deixe-me ver, você”, diz a diretora, enquanto examina o traje de Alessandra, que já foi aceita na prestigiada Universidade de Georgetown. “De uma volta”, continua Dolores, com um olhar concentrado.
O dia especial tem uma série de regras no quesito vestimenta. Vestidos tomara-que-caia são proibidos. As alças devem ter no mínimo 4 cm. A mesma distância deve separar a barra das saias do chão. Mais que isso, nem pensar. Sapatos de salto alto podem ser usados, desde que não excessivamente altos.
Dolores olha para as luvas brancas que Alessandra vai usar no dia e diz: “Os cotovelos não precisam aparecer”. A mesma regra vale para o colo dela e o das outras garotas.
Por trás da dureza
Mas quem vê as regras de Dolores e sua figura austera não imagina que ela também tem suas fragilidades. Uma delas, aliás, lhe causa muita dor. A irmã tem artrite como Alessandra. Além disso, ela tem pinos de platina pelo corpo.
Mesmo com as limitações causadas pela dor, Dolores não deixa de acordar todos os dias às 6 horas da manhã. Seu dia só acaba doze horas depois, quando ela volta para um convento, que também fica na cidade de Nova York. São 60 horas de trabalho na escola de moças.
Por todo esse trabalho, Dolores, que fez voto pobreza, recebe R$ 530 mensais. Uma quantia bem distante dos cerca de R$ 16 mil de anuidade que os pais de cada aluna têm que pagar à escola.
Dolores está há sete em Fontbonne e ainda não pensa em se aposentar. No início de ano, a direção da escola incluiu a irmã no hall da fama da instituição. A honraria recebeu apoio das alunas e dos seus pais. Ex-alunas, agora mulheres bem-sucedidas, também aplaudiram a decisão.
Logo em seguida, a freira dá um sermão e diz que poderia prender a moça, já que, como conselheira da cidade de Nova York, tem autoridade para isso. Não satisfeita, Dolores pede que a garota, ainda chocada com tudo, ligue para os pais para que ela possa informar o que ocorreu com a filha deles.
O rigor que deixou a jovem estupefata não é nenhuma surpresa para as garotas da Fontbonne Hall Academy, uma escola católica só para garotas em Nova York. Aliás, entre as garotas circula uma provocação: “nada de bom acontece quando você cruza com a irmã Dolores no corredor”.
Essa severidade toda, que nos tempos atuais, pode parecer antiquada para alguns, faz o sucesso da Fontbonne, que está completando 75 anos desde sua fundação. A escola funciona em uma imponente mansão, que era originalmente a casa do magnata americano das ferrovias, Jim Brady.
Na sala da diretora é possível ler a missão da instituição num quadro: “Oferecer um programa de qualidade superior, enquanto forma mulheres confiantes e misericordiosas”.
Leia ainda: Americanas têm nível de educação maior que maridos
Irmã Dolores gosta das coisas bem regradas e cronometradas, isso se reflete até nos mínimos detalhes. “Nossa média é de 2 minutos e 10 segundos”, diz a diretora, enquanto calcula o tempo que as meninas levam para deixar o colégio, à tarde. Quando a última sai, Dolores fica contente ao descobrir que um recorde foi batido. A saída durou exatos 1 minuto e 40 segundos.
Rigor combina com afeto
A severidade de Dolores pode incomodar as alunas, mas os pais não se queixam. Stephen Gordon é um deles e diz que justamente por causa do rigor sua filha Danielle tornou-se apta a enfrentar o rigoroso programa de West Point, uma famosa academia militar dos Estados Unidos.
No entanto, quando a mesma Danielle, exausta pela maratona de estudos, fraquejou e pensou em largar tudo, Dolores mostrou seu lado mais afetuoso, dando apoio e a incentivando a continuar.
Outra aluna, Alessandra Fordera, também encontrou apoio quando as dores que sente por causa de uma artrite atrapalharam os seus estudos. “Ela nos ensina a respirar profundamente e isso acalma, ela é muito boa nisso”, explica Alessandra.
Como a filha de Gordon, as 132 alunas que se formarão esse ano na Fontbonne têm grandes chances de entrar nas melhores universidades americanas no próximo ano escolar.
Dia especial
Falando em formatura, as alunas já começaram a preparar as roupas que serão usadas no dia especial. Irmã Dolores liberou as garotas para escolher o vestido da festa, mas faz questão de inspecionar cada um deles no seu escritório.
“Deixe-me ver, você”, diz a diretora, enquanto examina o traje de Alessandra, que já foi aceita na prestigiada Universidade de Georgetown. “De uma volta”, continua Dolores, com um olhar concentrado.
O dia especial tem uma série de regras no quesito vestimenta. Vestidos tomara-que-caia são proibidos. As alças devem ter no mínimo 4 cm. A mesma distância deve separar a barra das saias do chão. Mais que isso, nem pensar. Sapatos de salto alto podem ser usados, desde que não excessivamente altos.
Dolores olha para as luvas brancas que Alessandra vai usar no dia e diz: “Os cotovelos não precisam aparecer”. A mesma regra vale para o colo dela e o das outras garotas.
Por trás da dureza
Mas quem vê as regras de Dolores e sua figura austera não imagina que ela também tem suas fragilidades. Uma delas, aliás, lhe causa muita dor. A irmã tem artrite como Alessandra. Além disso, ela tem pinos de platina pelo corpo.
Mesmo com as limitações causadas pela dor, Dolores não deixa de acordar todos os dias às 6 horas da manhã. Seu dia só acaba doze horas depois, quando ela volta para um convento, que também fica na cidade de Nova York. São 60 horas de trabalho na escola de moças.
Por todo esse trabalho, Dolores, que fez voto pobreza, recebe R$ 530 mensais. Uma quantia bem distante dos cerca de R$ 16 mil de anuidade que os pais de cada aluna têm que pagar à escola.
Dolores está há sete em Fontbonne e ainda não pensa em se aposentar. No início de ano, a direção da escola incluiu a irmã no hall da fama da instituição. A honraria recebeu apoio das alunas e dos seus pais. Ex-alunas, agora mulheres bem-sucedidas, também aplaudiram a decisão.
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